Em 1987: ser uma dona de casa era uma boa?

O texto abaixo foi publicado em outubro de 1987 no semanário impresso A Província. Preservamos datas, idades, comentários e gramática originais do texto.

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A PROVÍNCIA tem procurado de maneira muito ampla apresentar uma radiografia atual de Piracicaba — ao lado de estimular o resgate de nossa memória – através, principalmente, do depoimento e da maneira de pensar dos próprios piracicabanos. Acreditamos, convictamente, que o jornalismo moderno está voltado muito mais para aquilo que as pessoas pensam e sentem diante das realidades de uma época de transição, do que para a enxurrada de informações desconexas que passou a ser função da mídia eletrônica.

Temos aberto espaços para que as pessoas se manifestem. E uma pergunta ficava no ar, diante de um tempo em que a profissionalização atinge as famílias através das mulheres que também se atiram ao mercado de trabalho: e as donas-de-casa – a tradicional figura das donas-de-casa — como estão elas, o que pensam elas? Na realidade, são profissionais especializadíssimas e ecléticas, com múltiplas funções. Recentemente, fez-se um levantamento da atividade da dona-de-casa e foram levantadas 47 funções pelas quais respondem: cozinheira, motorista, mãe, esposa, babá, enfermeira, faxineira, lavadeira, passadeira, assim por diante.

É, afinal, uma boa ser dona-de-casa?

Maria Concheta Consentino de Toledo Piza, 45 anos, professora, casada com o advogado Marcos Salvador de Toledo Piza e mãe de José Márcio, 22, e Marta, 18 anos.

“É uma boa, sim, Tudo o que a gente faz bem feito é bom, apesar de que tudo o que a gente faz deveria ser bem feito. É cansativo mas compensa. O serviço de dona-de-casa é muito ingrato: não fazendo, aparece (que não fez) e fazendo, não aparece, mas é compensador porque a gente vê a família bem assistida, bem alimentada e é fundamental na educação dos filhos, a presença constante da mãe. Ser apenas dona-de-casa nos recompensa com o bem-estar, em todos os sentidos, que a gente oferece à família.”

Vanil Furlan Gianetti, professora, casada com o empresário Edílio Gianetti e mãe de Maria Luiza, Ana Maria, Sérgio e Edílio José.

“Acho que é. Eu admiro quando alguém é uma boa dona-de-casa, que faz tudo bem e gosta do que faz. Quanto a mim mesma, não gosto e faço como sacrifício. Bom é a mulher sair de casa, ter uma profissão, e não ficar só com a rotina dos encargos domésticos. Acho que toda mulher deveria ter uma profissão, trabalhar fora, e o ideal seria que ela o fizesse em apenas um período, quando seria então muito mais fácil conciliar as coisas. Entretanto, se ela já estiver acostumada desde o começo do casamento, é possível, sim, conciliar a profissão com os cuidados da casa e a educação dos filhos.”

 

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