Estranha justificativa de ausência do voto

Imagem das eleições antigamente

Reconhecido como um dos grandes professores de Piracicaba, Manassés Ephraim Pereira, que também foi vice-diretor da Escola Normal, aos 74 anos, em 1957, teve uma conduta inusitada durante as eleições para escolha do prefeito e vereadores locais.

Enviando ofício ao juiz eleitoral, o mestre explicou que “não foi por menosprezo ao sagrado dever do voto: circunstâncias aborrecidas do momento levaram o requerente a furtar-se a esse dever. Ao sair de casa para cumpri-lo, procurou o título, com o qual tinha todo cuidado e não o achou. Assim mesmo, dirigiu-se a secção, na qual chegou nos últimos momentos antes de se encerrarem os trabalhos. A falta do título criava dificuldades à votação, que devia ser feita em separado. Estribado na sua idade, 74 anos, que o eximia da obrigação de votar, e para não criar embaraços ao encerramento dos trabalhos, optou pela abstenção”.

Mas Manassés era de uma geração onde se prezavam valores como a honestidade e o jeitinho brasileiro ainda não se institucionalizara. Assim, completa ele, no ofício: “Essa a verdade dos fatos e, como repugna ao requerente recorrer a um atestado médico gracioso, que no caso seria falso, por inexistência, felizmente, de moléstia, deixa de fazêlo, mas espera de V. Excia o relevamento da falta. Se V. Excia entender que a ausência do alistado anula as razões sinceras apresentadas em favor da abonação da falta, não tem o requerente outro remédio se não sujeitar-se à sentença desfavorável que o prejudicará, mas sobrar-lhe-á o consolo de não ter mentido”.

Manassés faleceu em 1971.

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