Nas igrejas, o Natal é de Jesus Cristo

O texto abaixo foi publicado em dezembro de 1987 no semanário impresso A Província. Falava sobre curiosidade e os preparativos para a celebração de Natal daquele ano. Preservamos datas, idades, comentários e gramática originais do texto.

WhatsApp Image 2019-01-11 at 14.48.59

Natal. Uma festa religiosa, não apenas para os seguidores da doutrina católica, mas de diversos cristãos que seguem a Bíblia e acreditam no nascimento de Jesus Cristo. A festa, no início, não tinha nada a ver com Cristo. Era, na realidade, uma comemoração do povo romano, que para homenagear Saturno — deus dos mortos — trocava presentes. Depois, com o nascimento de Jesus, surgiu o cristianismo.

A princípio o Natal de Jesus era lembrado dia 6 de janeiro (hoje dia de Reis). Quem alterou essa data foi o Papa Julio l, que usando de seu poder, decretou que o dia do nascimento de Jesus Cristo seria 25 de dezembro. E com o decreto vieram as comemorações nas Igrejas.

O pastor Moisés de Castro, da Igreja Evangélica Assembléia de Deus, diz que os adeptos de sua religião comemoram a data com muita simplicidade. Sem enfeites ou ornamentos especiais. Fazem um culto “normal e simples”. Ele frisa que “não temos como certa a data que Jesus nasceu, mas nem por isso vamos ignorar o dia 25”. Assim, as crianças da Assembléia de Deus já estão preparadas para a representação teatral alusiva a data e que será apresentada para todos no dia 25, à noite.

Os seguidores desta Igreja também fazem a troca de presentes. Muitos não sabem o significado, mas seguern a risca o que diz a tradição. A diferença do culto na Igreja Evangélica Assembléia de Deus é a inexistência de imagens. “Nós seguimos a Bíblia e não usamos imagens em nossa Igreja”, diz o pastor.

Uma posição bem diferente da Igreja Católica, que tem suas paredes cheias de quadros evangélicos e imagens de santos espalhadas por tudo quanto é canto. O conêgo Luiz Gonzaga Juliani explica que o Natal é um simbolismo e a forma de expressão mais forte é a troca de presentes. “Para nós Cristo é o presente de Salvação, que nos foi dado pelo Pai Todo Poderoso. Ele nos traz amor, paz.”

Entretanto reconhece que o comércio já tomou conta do simbolismo católico. “Infelizmente isso já aconteceu e muita gente tem consciência disso”.

O conêgo diz que os cristãos se sentem mais unidos nesta época do ano e o principal encontro é a Missa do Galo, realizada em todas as paróquias da província, em horários diversificados, para que “todos possam ter acesso.” Na Catedral, por exemplo, haverá duas missas em comemoração ao nascimento de Jesus Cristo, que serão celebra das na véspera e no dia 25, pelo bispo diocesano, Dom Eduardo Koaik. O conêgo fala que esta também é uma forma de “manter a tradição natalina,” que, geralmente termina numa ceia, na casa dos amigos. “Comer bem, trocar presentes, ter um dia alegre é uma confraternização cristã”.

Convenção 

Na Igreja Evangélica Quadrangular, o pastor auxiliar Marcos Antonio de Oliveira, salienta que “para não haver uma rotina de uma data pré-determinada é preciso que não se perca a visão de que Cristo é a parte central da festa”. Em sua Igreja todos comemoram o Natal num “ambiente de alegria, amor, fraternidade, respeitando o espírito cristão”.

O culto é simples e feito na véspera do dia 25, à noite. Este ano está programada a apresentação de uma peça teatral sobre o nascimento de Jesus com os jovens da Quadrangular. Segundo ele, as ceias de Natal são preparadas “por algumas famílias”, principalmente agora com a queda do poder aquisitivo do trabalhador. A diferença entre a comemoração do Natal em sua Igreja e as demais, está — segundo ele —”não no culto, mas no espírito que se tem sobre o Natal.”

Os adeptos da religião da Igreja Messiânica também comemoram o Natal; mas de uma maneira diferente. Eles vão até a Igreja de São Paulo participar do aniversário de “Meichuchama’, mestre e fundador da Igreja. Quem está organizando a viagem é a ministra Arlete Amorim Braga, explicando que neste período do ano, todos fazem campanhas alimentícias para dar às entidades carentes. A confraternização entre eles é normal: eles vão se reunir no salão na Igreja no dia 20, para troca de presentes e comer doces e salgadinhos.

Já na Metodista, este ano, não haverá a celebração do culto do Natal. É que o reverendo Cyrus Dawsey está de malas prontas para viajar aos Estados Unidos. Mas os seguidores não vão passar o Natal a seco, não. Denise Malafaia ensaiou as crianças e jovens que vão apresentar uma peça teatral sobre Jesus Cristo, antes da viagem do reverendo.

As demais comemorações para a data são realizadas normalmente; há ceia entre as famílias, troca de presentes, árvore de Natal. Só não tem imagens. “Os protestantes não usam imagens”, frisa o reverendo Cyrus Dawsey.

“Natal é uma parada para se pensar por que Jesus veio à Terra.” Quem diz isso é Nair Maria de Souza, diretora da Evangelização Infantil da União Espírita.

Dona Nairzinha, como é mais conhecida, diz que os espíritas da província se reúnem, no dia 24 à tarde, para assistir uma palestra sobre o Natal. O prédio não é enfeitado com imagens nem decorado. Lá, as pessoas recebem orientações sobre o cristianismo e depois recebem o passe — que nada mais é do que vibrações positivas transmitidas para a pessoa através de orações. “Não temos ,nada de diferente, nem rituais”, acrescenta.

Sobre as festas realizadas pelos cristãos lembra que “os espíritas não fazem ceia”, que para eles “isso é dispensável”, já que não representa a fé por Cristo, “A ceia é do mundo de Cesar, para satisfazer nosso egos”.

Essa teoria ela carrega dentro de si há muitos anos e lembra que  o “Natal de Jesus é todo dia, não um dia no ano.”

Depois, acrescenta, numa festa, “mesmo que em família”, as pessoas bebem e acabam até por brigar. “Você acha que o Natal de Jesus é bebida?”, pergunta e conclui:  “Depois do Natal, algumas famílias nem se falam mais, não agem dentro do cristianismo.”

Deixe uma resposta