Necrológios: mais adjetivos do que informações

Ao início do século XX, os anúncios de falecimentos eram registrados, nos jornais como “passamentos e enterros”. O texto era bastante diferente dos atuais, caracterizando-se pelos adjetivos destinados aos mortos. Basta verificar o teor da publicação de 21/04/1914, do Jornal de Piracicaba, relatando a morte do Coronel João Morato de Carvalho:

“Deu-se anteontem, às 4 horas, nesta cidade, o falecimento do muito venerando ancião Coronel João Morato de Carvalho, de 74 anos de idade, pertencente à honrada família Morato, uma das antigas desta localidade. A infausta notícia, que correu pela cidade com a celeridade própria das más novas, causou em nossa sociedade penosa impressão, pois o Cel. Morato era estimado e respeitado por todos que o conheciam.

As cerimônias do sepultamento do querido extinto, que era pai do Sr. José Morato de Carvalho, irmão do também venerando ancião Sr. Antonio Morato de Carvalho e sogro do Dr. Coriolano Ferraz do Amaral, digno vereador à Câmara Municipal, foram efetuadas anteontem mesmo, às 16 horas e meia, saindo o corpo em riquíssima urna, caprichosamente confeccionada pela Casa Libório, da casa nº35 da rua da Glória, onde reside a família do morto.

O cadáver do finado passou pela nossa Matriz, onde foi encomendado pelo Revdmo Cônego Manoel Rosa, virtuoso vigário da nossa paróquia.

O acompanhamento foi enorme, sobre a urna e o coche fúnebre viam-se inúmeras coroas de flores naturais e artificiais, ali colocadas por parentes e amigos do morto. O corpo do Coronel foi transportado até o campo santo e descansa em jazigo da família, à sepultura 64, da quadra 12, sita em frente à Avenida Central.

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