O Largo do Ponto, das carruagens de aluguel

O texto abaixo foi publicado em outubro de 1987 no semanário impresso A Província. Recuperamos para lembrar os 30 anos de atuação em Piracicaba.

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O “Largo do Ponto”, ficava atrás do “Teatro Santo Estevam”, que foi o segundo e era de 1903.

Era tudo terra e coberto de areia rala. Ali ficavam as carroças, as carruagens de aluguel. Não haviam os caminhões.

Em cada canto do quadrado de terra havia uma bruta árvore. As copas juntavam-se e formavam um único teto.

A gente alugava a bicicleta na loja de Fued Abrahão, tio do Cecílio Elias Netto. Era fantástico nesse tipo de veículo. A bicicletaria ficava onde fora a “Leiteria Brasileira”, de Aurélio Jorge, com 93 anos, falecera em Campinas.

Os estudantes alugavam-nas para irem à ESALQ. Pegavam-nas cedo e entregavam-nas à tarde. Naquele tempo a Escola ocupava o aluno o dia todo.

Poucos tinham motos. O resto usava os bondes. Nunca houvera mais de 100 alunos nos antigos quatro anos de curso. A turma graduada em 1932 era composta de dezoito formandos. Todos paulistas.

Para aprender, Fued exigia que fossemos no “Largo do Ponto”. Constantemente, encontrávamos com os guidões nas árvores. As rodas ficavam cheirando urina dos animais, trazendo de quando em vez o esterco verde. Na bicicletaria, lavávamos os raios, os pneus, os paralamas, as correntes etc. A hora com bicicleta velha custava um tostão. Com duzentos réis, usávamos quaisquer das novas.

Fued um dia se foi. Depois, para sempre. Soube-o acidentado.

O “Largo do Porto” teve as suas árvores cortadas no primeiro governo (1932) de Luiz Dias Gonzaga.

No local, fora feito uma concessão: ergueu-se um posto de gasolina. Nele vi muitas vezes o Nathan Mithelmann, com sua voz de turbina de avião,

No fundo do prédio, havia um “mictório” masculino, que era usado, também, pelos homens que integravam as companhias teatrais.

Quase toda a criança que ia ao “Éden Piracicabano”, e/ou freqüentava as aulas do Grupo Escolar “Moraes Barros (E.E.P.G. “Moraes Barros”), que por ali passava e/ou andava de bicicleta no local, apanhou “mijacão” .

Quando fazia pouco sol a urina inundava o “Teatro”, a “Loja Polacow”, a venda de Frediano Giovannetti (+), ao lado esquerdo.

Ao lado direito, havia a residência de Eduardo Mezzacappa( +), a pensão, o Curso de Preparatórios para a “Luiz de Queiroz”, sob a direção de Tuffy Coury (+), que ensinava inglês e “chimica”, além de José Benedicto de Camargo (+), que dava matemática. Ele tinha vindo de Paraíbuna, S.P.

O mau-cheiro, às vezes, chegava à “Chapelaria Hoeppnner” e ao Armazém de Secos e Molhados, do Godinho, com uma fila de bacalhau dependurado à porta. Situavam-se onde está a Caixa Econômica Estadual. Uma na esquina da Rua Prudente de Moraes com a Rua Santo Antônio; a outra, nesta.

O “Éden Piracicabano” era pegado à residência dos Hoeppnner, pela Rua Prudente de Moraes.

Era uma casa de confeitos, salgados, doces. Juntamente com o “Bar e Restaurante do Papini”, com a extraordinária “Gigeta”, na cozinha; o Bar e Restaurante “Giocondo”; a Padaria e Confeitaria de João Baptista Cardinalli e o “Salão Smart” constituíam os polos de atração dos nativos e dos visitantes em Piracicaba.

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