Os jardins de Salgot Castillon

Um dos grandes equívocos da política piracicabana está na análise que vem sendo feita – atualmente até mesmo como paradigma de administração municipal – em torno de Luciano Guidotti (1956/59 e 1964/67) e Francisco Salgot Castillon (1960/62 e 1969), assunto que estaremos revisando no livro “A história que eu sei – 50 Anos de Memória Política”, a ser publicado ainda este ano.

Na realidade, deve-se creditar a Luciano Guidotti o início de uma “revolução urbana” em Piracicaba, o homem que acabou colocando um ponto final na antiga fase do “perrepismo-coronelista”, simbolizado por duas figuras respeitáveis do passado, Luiz Dias Gonzaga e Samuel de Castro Neves. Dentro de um contexto em que se conjugaram muitos fatores favoráveis, Luciano Guidotti imprimiu o início da modernização de Piracicaba.

Em contrapartida, a Francisco Salgot Castillon tem sido atribuída a “revolução rural”, com os grandes benefícios que, em sua administração, foram levados à zona rural, especialmente em estradas e na iniciativa pioneira na América Latina de telefonia e eletrificação rurais.

Não tem havido, porém, justiça, em nosso entender, à administração de Francisco Salgot Castillon que, em prazo de tempo muito menor – pois Salgot deixou a Prefeitura para se candidatar a deputado estadual, elegendo-se – transformou Piracicaba, num verdadeiro canteiro de obras. A reconstrução do Mirante foi um dos exemplos. E outros são os jardins construídos na administração de Salgot Castillon. As fotos que estamos publicando, datadas de 1960, devem servir de subsídios aos que tentem analisar e reinterpretar aquele fértil período da política piracicabana.

O novo Mirante

Um dos pontos mais característicos de Piracicaba, juntamente com o Salto e a Rua do Porto, sempre foi o Mirante, local onde, no passado, as famílias se reuniam para piqueniques. Em 1960, quando Salgot Castillon assumiu a Prefeitura, o belíssimo local estava praticamente abandonado, quase que em ruínas. A reconstrução do Mirante deu margem a muitas críticas que, no entanto, foram silenciadas quando a obra foi entregue à população. As fotos – a da capa incluída – são do estado em que se encontrava o Mirante antes de sua reconstrução.

Mirante

Jardim do Cemitério

Duas obras importantes para o abastecimento de água da cidade foram feitas no chamado “jardim do Cemitério da Saudade”. Na administração de Luciano Guidotti, ergueu-se a imponente caixa d’água, sendo o reservatório – que abasteceu Dois Córregos, Piracicamirim, Paulicéia, etc. – construído por Salgot Castillon. O ajardinamento da praça também foi realizado na administração “salgosista”, com bancos de granito e espelho d’água. A foto mostra o local em fase de conclusão.

Cemiterio

Arborização da Armando Salles

A Avenida Armando de Salles Oliveira foi iniciada na administração Luiz Dias Gonzaga, com dois quarteirões pavimentados, e mais dois na administração de Samuel de Castro Neves. Luciano Guidotti foi o responsável pela cobertura do córrego Itapeva, que corre sob a avenida, em todo o restante de sua construção. O ajardinamento, porém, coube a Francisco Salgot Castillon que, aproveitando-se dos canteiros centrais e dos espaços laterais, procedeu ao plantio de árvores e dos gramados.

Armando Salles

O “Alfredo Cardoso”

A instalação e construção do, então, Grupo Escolar “Dr. Alfredo Cardoso”, na Cidade Alta, foram comemoradas com entusiasmo à época. Piracicaba estava desenvolvendo-se cada vez mais no chamado “Bairro Alto” que, assim, foi ganhando outras praças e logradouros públicos. O jardim do “Alfredo Cardoso” foi um deles. E outros mais teríamos na cidade, no mesmo período: a Praça Takaki, na Paulista; o jardim atrás da Catedral, depois derrubado na administração João Herrman Neto, o da Escola Industrial, etc.

Alfredo Cardoso

O “Dr. Prudente”

A Cidade Jardim foi o primeiro loteamento de grande expressão urbanística em Piracicaba, criando-se um novo núcleo habitacional – classe média-alta – em terrenos inteiramente descampados. Quando, no local, se construiu o, então, Grupo Escolar “Dr. Prudente de Morais”, a Cidade Jardim já era um cartão-de-visitas de Piracicaba. No entanto, nos terrenos baldios pastavam vacas, por eles andavam animais soltos, etc. As fotos mostram como era o local, ao lado do “Dr. Prudente” e como passou a ser, depois que o Prefeito Salgot Castillon se propôs a ajardinar também a área.

Praça Mello Morais

Nas proximidades da E.S.A. “Luiz de Queiroz”, foi construído o, então, Grupo Escolar “José de Mello Morais”, nome dado em homenagem a um dos respeitáveis professores daquela escola, “prof. Melinho”. O local era, ainda, de pequena densidade demográfica, quase bucólico e com o barulho monótono do bonde que ia à Escola de Agronomia. A Praça José de Mello Morais foi construída, também, em 1960, chamando a atenção o chafariz que era uma das marcas registradas dos ajardinamentos de Salgot.

Praça Mello Morais

[Este texto publicado, originalmente, no jornal impresso “A Província”, edição de 8 a 31/agosto/1992]

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