Os olhos semafóricos (êpa!) piscam nas esquinas da cidade

Foi no dia 14 de janeiro de 1951, em editorial, reforçando o que já havia dito menos de um mês antes, que o Diário de Piracicaba escreveu sobre a “premente necessidade de se instalar, em Piracicaba, a sinalização semafórica, para segurança do tráfego não só de veículos, bem como de pedestres”. E lançou a ideia de uma campanha popular pró sinalização da cidade. Houve boa repercussão e, para evitar que o entusiasmo esfriasse, imediatamente reuniões foram realizadas, entendimentos promovidos com elementos de campanha idêntica promovida pelo Rotary em São Paulo e DST.

Na Escola de Comércio Cristóvão Colombo, do saudoso prof. Antônio Zanin, que se localizava à praça José Bonifácio, 932, nos altos da redação e oficinas do DP, foi escolhida uma comissão organizadora: Michel Cury (presidente), Ciro Marcondes César (secretário), já falecidos, e Copérnico de Arruda Cordeiro (tesoureiro), não se esquecendo de uma comissão de honra composta de autoridades, como era costume.

Antes de terminar o janeiro/51, já havia sido doados três postes. O primeiro pelo Diário de Piracicaba (de que eu era diretor desde o início do ano e redator o Isidoro Polacow); um pela M. Dedini e suas associadas Construtora e Destilaria Dedini e Mausa; e o outro pela Usina Monte Alegre.

A Comissão organizadora, sempre acompanhada pelo DP, visitou a Prefeitura, a Câmara, a Delegacia Regional de Polícia (locais) e o DST de São Paulo. O del. Calmon de Brito ofereceu os serviços de sua delegacia. A Prefeitura (era prefeito então o falecido sr. Luiz Dias Gonzaga) enviou à Câmara (e esta aprovou) doação de 40.000 cruzeiros, ao DST paulistano, por seu diretor Cap. Vicente Presas Ságuas Jr., doou um poste completo, inclusive instalação (poste completo era já com os semáforos e seu equipamento de funcionamento).

A Rádio Difusora, desde o início da campanha, havia cedido horário nobre para palestras e houve desfile de oradores em seus microfones. O Jornal de Piracicaba, o Rotary, clubes e outras entidades aderiram à campanha. O saudoso prof. Archimedes Dutra se prontificou a fazer o desenho de um selo comemorativo, que foi oferecido a contribuintes e também vendido.

semaforos 3

A DST fez o mapeamento da cidade e esta é uma foto da entrega da planta à Prefeitura, pela comissão. Partindo da esquerda, srs. Ciro Marcondes César, tte. Herculano Ferreira (DST), Sebastião Ferraz, Aldrovandro Fleury, Michel Cury e cap. Copérnico de Arruda Cordeiro. O sr. Fleury substituíra, recentemente, o sr. Luiz Dias Gonzaga, que tinha se afastado do cargo para assumir cadeira no legislativo estadual.

Técnicos do DST de São Paulo estiveram na cidade, mapeando-a e determinando os locais dos sinais luminosos e placas. Enquanto isso, contribuições eram enviadas às redações dos jornais, à PRD-6 e Casa Cury – uma inequívoca demonstração do interesse popular.

De 15 a 30 de março/51, realizou-se a Quinzena do Trânsito, para a arrecadação do restante dos fundos necessários o que foi conseguido.

Finalmente, num domingo, dia 19 de agosto/51, foi inaugurada festivamente a primeira sinalização semafórica em Piracicaba. A campanha e serviços de instalação duraram menos de 8 meses! Foram colocados 10 sinais luminosos nos cruzamentos das ruas Rosário e Prudente; Morais Barros, Boa Morte, praças José Bonifácio e da Catedral; Boa Morte e 15 de Novembro; Governador e 15 de Novembro; Benjamin e Morais Barros; Morais Barros, Santa Cruz e largo Santa Cruz. Foram também colocadas 283 placas indicativas, desde direção única até saídas da cidade.

Em 22 de agosto/51 foi divulgado o balancete da campanha: as contribuições, venda de selos e mais o donativo de 40 mil da Prefeitura somaram Cr$ 187.279,50, quantia totalmente empregada na sinalização.

Uma característica, no entanto, elas – a sinalização original e as depois modificadas – sempre conservaram: não foram, nem são observadas pela maioria dos condutores de veículos…

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