Palacete Boyes: “a beleza e a perfeição das coisas antigas” (1)
Este texto foi originalmente publicado no jornal “A Província”, na edição de 8 a 31 de agosto de 1992.
Corria o ano de 1876. Na década anterior, a Guerra da Secessão, nos Estados Unidos, afetara profundamente a produção do algodão que abastecia toda a Europa. E o resultado foi que a nova cultura foi introduzida no Brasil, inclusive na região de Piracicaba, dando início a uma história que hoje tem como resultado um dos mais belos palacetes existentes no município. Cheio de requinte, de beleza e palco de recepções que trouxeram ao município, entre tantas autoridades, até mesmo um prêmio Nobel, ele hoje se encontra praticamente fechado, sem ninguém que o habite e completamente proibido à visitação pública. É um pedaço da história que permanece desconhecida e inacessível, podendo ser recontada apenas através de antigos artigos de revistas e jornais, escritos por políticos que um dia também frequentaram o Palacete Boyes, originalmente denominado Vila Aretuzina, quando era seu proprietário o senador da república, Rodolpho Miranda. Localizado à beira do rio Piracicaba, em um quarteirão inteiramente cercado, a área tentou ser tombada pelo então vereador João Chiarini, nos anos 50, sem ter recebido, entretanto, apoio do prefeito Samuel de Castro Neves.
A construção do palacete, evidentemente, encontra-se diretamente vinculada à fundação da Fábrica Boyes, em 1876, por Luiz Vicente de Souza Queiroz, certamente um dos grandes responsáveis pela evolução industrial de Piracicaba. Já naquele tempo, a Fábrica Boyes funcionava com 50 teares, 2.500 fusos e 70 operários, muitos deles vindos diretamente da Europa, em função da especialização exigida. A produção chegava a 700 mil metros de algodão anualmente, a maioria distribuída para São Paulo, Rio Janeiro e Paraná.
Mas, ao lado do empreendimento industrial, Luiz de Queiroz construía também um espaço de requinte e beleza. Tratava-se do Palacete Boyes, onde ele chegou a residir com a esposa, vendendo-o no início do século ao então senador da República, RodoIpho Miranda, ex-ministro de Estado, homem de largas relações políticas e sociais que, em 1906, abriu um livro para registrar as visitas que por ali passassem. É, taIvez, o mais detalhado dos documentos existentes sobre o centro cultural e político em que se transformou o local, já que o livro permaneceu aberto até o final anos 30, conforme relata extensa matéria publicada na revista Mirante, assinada por Sebastião Nogueira de Lima, presidente da Câmara Municipal de Piracicaba e interventor do Estado de São Paulo por alguns dias. Mesmo vendido em 11 de março de 1918, juntamente com a fábrica a um grupo inglês – de onde a denominação Boyes –, o local ainda permaneceu por algumas décadas como ponto de encontro e parada dos mais notáveis visitantes que a cidade recebia, como ocorreu em março de 1927. Ali, no dia 13, registra-se no livro a passagem do escritor inglês Rudyard Kipling, prêmio Nobel em 1907, com a seguinte frase: “The hospitality of the North, again”. O que não impedia, também, que, à época, muitos piracicabanos fizessem do local, privilegiado quadrilátero protegido por árvores frutíferas e ornamentais, espaço para concorridos “convescotes”, onde era frequente a presença do conhecido cantor Sebastião Delgado, inclusive acompanhado por grupos de escoteiros.
(continua)
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Minha mãe morou com seu pais neste palacete. Eram caseiros. Hoje ela tem 75 anos e gostaria muito de visitar. Não existe essa possibilidade?
Olá, Ellen, grata por visitar nosso site.
Infelizmente, não temos informação de acesso ao Palacete Boyes. Espero que vc consiga algum contato que possa auxiliá-la.
um abraço, Patrícia