Piracicaba de 1925, descrita por uma escritora dinamarquesa

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(imagem: reprodução pinterest)

Por volta de 1925, a escritora e novelista dinamarquesa Lys Salskov Iversen residiu em Piracicaba, na Avenida Barão de Serra Negra. Era colaboradora do jornal europeu “Politiken”. Em seu livro “Brasiliem som jeg saa det” ela escreve sobre a Piracicaba que “ela viu” – conforme Hélio de Morato Krahenbuhll publicou em seu “Almanaque de Piracicaba”, de 1953. As impressões da escritora dão-nos algumas imagens do que era a Vila Rezende, de como vivia a nossa gente. Alguns trechos:

“Moramos em um subúrbio além rio, chamado de Vila Rezende. É um burgo pequeno de onde, de hora em hora, vai um bonde para Piracicaba. (…) Aqui, tudo é limpo e pitoresco, quieto e banhado pelo sol. As ruas parecem traçadas com régua. (…) Vila Rezende, entretanto, é mais divertida, embora seja a parte da cidade onde se abriga a população pobre e estejamos cercados, por todo os lados, por famílias de trabalhadores com numerosas crianças descalças que correm rua acima e rua abaixo, enquanto as mães trocam impressões à janela. (…) É comum passarem boiadas com centenas de cabeças rua abaixo, dirigidas pelos “boiadeiros “que são os cow-boys sul-americanos. (…) Às vezes, algum animal desgarra da tropa e esgueira-se por alguma rua lateral, sendo perseguido, entre gritos e imprecações pelos boiadeiros. (…) Os dias correm monótonos e iguais. (…) Os vizinhos têm, porém, uma outra maneira de guardar o domingo: todas as manhãs lavam o assoalho, passam as suas roupas domingueiras e põem tapetes limpos nas entradas das casas, e flores diante da imagem de Nossa Senhora ou outros santos. ”

A escritora dinamarquesa lembra-se da Baronesa de Rezende, transportada na “velha e pesada carruagem, com o seu cocheiro preto de cartola”, à passagem da qual o povo “se descobre respeitosamente”. E um “preto a cavalo, vestindo uma camisa nova listrada, com um enorme guarda-sol a proteger” a Baronesa.

[Este conteúdo foi publicado no “Almanak de Piracicaba”, editado pelo jornalista Cecílio Elias Netto, do jornal impresso “A Província”, que circulou como suplemento do jornal “A Tribuna Piracicabana”. Para este projeto, foram elaborados vários fascículos ao longo do período de novembro de 1995 a agosto de 1997.]

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