Uma cidade preocupada com moralismos

Mesmo tendo-se tornado uma cidade confusa, muito próxima de “cidade grande”, Piracicaba mantém-se presa a muitas formas de moralismos, não há como negar essa realidade. Isso vem de longe e ainda marca a mentalidade do povo, aparentemente incapaz de libertar-se de modelos antigos. Em seu admirável livro, “A Síntese Urbana”, a historiadora Marly Therezinha Germano Perecin registra esse esforço disciplinador das elites sobre o povo.

No dia 19 de dezembro de 1921, conforme a historiadora, implantava-se outra forma de censura em Piracicaba. Os vereadores Samuel de Castro Neves – antigo “coronel”, que se tornaria Prefeito – e Phelippe Westin Cabral de Vasconcelos – que viria a ser um dos expoentes da Esalq – apresentaram um projeto, convertido em lei, que determinava:

  • Proibição, em cinemas, de qualquer filme que atentasse contra os bons costumes;
  • Criação da censura municipal, à qual deveriam submeter-se todos os filmes e programas;
  • Expurgos de textos traduzidos que contivessem expressões grotescas, barbarismos ou alusões ofensivas e maliciosas.

A Prefeitura designava os censores que tinham autoridade para julgar os filmes. Ainda hoje, de forma implícita mas muito viva, essa censura moral coletiva continua.

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