Vastidões piracicabanas: de Mogi Mirim até Casa Branca

Este texto foi publicado, originalmente, no jornal impresso “A Província”, em sua edição de outubro de 1998.

Rua-Porto-1940

Rua do Porto em 1940 – a partir do Largo dos Pescadores. (foto: Idálio Filetti)

O historiador Jair Toledo Veiga foi, talvez, quem mais pesquisou documentos de propriedades nos cartórios piracicabanos. Seus arquivos serviram de subsídios, inclusive, à maior das historiadoras piracicabanas, Maria Celestina de Teixeira Mendes Torres, autora, entre outros, de “Aspectos da evolução da Propriedade Rural em Piracicaba — No Tempo do Império”, de 1975. É em artigo de Jair Toledo Veiga (“Diário de Piracicaba”, 1/8/63), que a historiadora se baseia para apresentar os limites de nossa terra quando Vila Nova da Constituição. É o que segue:

“De maneira muito inexata, pode-se dizer que as divisas eram do lado de Mogi-Mirim (fundada em 1650), pelo Ribeirão Barcelos, mais adiante com Casa Branca. Verifica-se, pois, que estavam em território piracicabano as atuais cidades de Rio Claro (fundada em 1822), Limeira, que teve origem em 1824, Araras, cujas referências aparecem em Piracicaba em princípios de 1832 (Atas da Pref. de Piracicaba em 1832). Quando seus habitantes pediram a subordinação civil a Piracicaba e não a Mogi Mirim.

Araras já aparecia no foro piracicabano por causa da sesmaria que Francisco José Goes Maciel e seus parentes obtiveram por carta de 13-8-1818, no lugar denominado Morro das Araras, de légua e meia em quadra. E descobertas as terras devolutas pelos requerentes no Ribeirão das Araras que deságua no rio Mogi Guaçu.

Mais além, Piraçununga (fundada em 1823 por Inácio Bueno e Manuel Lemos), São Carlos, à margem esquerda do Ribeirão Monjolinho, Descalvado, fundada em 1809, Araraquara, no planalto entre o rio Piracicaba e o Mogi Guaçu, à margem deste, fundada em 1817, perdendo-se nos confins desses sertões, até Minas Gerais, e por isso, incluindo Jaboticabal, Bebedouro, Pitangueiras e São José do Rio Preto. Abrangia também Jaú, Dois Córregos, Torrinha, Brotas e cidades até Bauru.

Para os lados de Itu, pelo Ribeirão de Mombuca, distante desta quatro léguas, e para o lado de Campinas, nunca houve divisas (ver Atas da Câmara).

Com Porto Feliz, a melhor divisa desta vila, com a de Monte Mor, a buscar Mombuca, descendo por ele abaixo, até a estrada que segue para Itu, daí em reta, ao Monte Lindo e em reta ao Morro Grande, que está na cabeceira do Rocha, deste em linha reta ao Tietê, Barra do ribeirão das Pederneiras.

Do lado de Botucatu, a buscar a Povoação de Santa, ao pé da Serra de Guareí.

A primeira vila a se desmembrar do território piracicabano foi Araraquara, em 1832, e com ela todo o vasto ‘sertão’.”

1 comentário

  1. Sidnei em 19/03/2019 às 09:44

    Que maravilha, a historia é belíssima!

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