Cacilda: de Filha de Maria a Dama do Teatro

cacilda azevedo

Programa da peça Joaninha Buscapé

Esse texto foi publicado em outubro de 1988 no semanário impresso A Província. Recuperamos para marcar os 30 anos de atuação em Piracicaba.

Nas lembranças e arquivos do jornalista S.FERRAZ, estão os momentos da retomada do teatro amador piracicabano na década de 1950. O cultivo ao teatro existia desde o início do século. Leandro Guerrini e Jaçanã Altair, nos anos 20 e 30, colhiam admiração com suas peças teatrais e radiofônicas. Depois, houve um hiato. Até que, na década de 50, com o Departamento Municipal de Cultura e no governo de Samuel de Castro Neves, o teatro piracicabano renasceu.

“Cacilda Azevedo (depois, Azevedo Cavaggioni) foi a nossa grande estrela” – diz S. FERRAZ, ele, também, ator que se consagrou nas salas piracicabanas, tendo Cacilda como parceira principal. Eles eram o “par romântico” da cidade. “Os Azevedo eram uma família de artistas, teatral. Bráulio de Azevedo, irmão de Cacilda, era humorista nato. E tiveram um sobrinho, o Roberto Azevedo, que se consagrou nos teatros brasileiros.” – conta S. FERRAZ, selecionando fotos e recortes de jornais em seus arquivos.

Neles estão Cacilda Azevedo e ele próprio, em peças aplaudidíssimas em Piracicaba e em outras cidades: “O amor que não morreu” e a inesquecível “Iaiá Boneca”, de Ernâni Fornari, entre outras. A direção era de Leandro Guerrini e havia outros atores piracicabanos – amadores, mas com requinte profissional – como Guilherme Vitti, Amadeu Provenzano, Maria Olívia Sampaio.

Cacilda,o paradoxo

Cacilda Azevedo Cavaggioni foi uma das mulheres mais paradoxais de Piracicaba, uma das primeiras feministas, mas a seu modo. Era “Filha de Maria”, católica convicta, pertencia a grupos da Ação Católica e Congregados Marianos e, no entanto, assumia o pioneirismo de ter sido a primeira mulher-radialista em Piracicaba, atriz de teatro desde a juventude, iniciando-se com “Joaninha Buscapé”.

S. FERRAZ conta o que poucos piracicabanos sabem: “Quando a peça ‘Joaninha Buscapé’ foi apresentada em São Paulo, um grupo de atores do antigo TBC (Teatro Brasileiro de Comédia) viu a interpretação de Cacilda e, entusiasmado, foi indicá-la para o diretor Jim Moretti, que estava à procura de alguém que fizesse personagens ingênuos. Cacilda era a atriz ideal e Jim concordou. Mas desaconselhou a sua contratação apenas por um motivo: Cacilda era menina de família tradicional e jamais iria se profissionalizar.”

Com S.FERRAZ e Cacilda, tendo Leandro Guerrini como diretor, Piracicaba viu renascer um momento glorioso do teatro amador, que, a partir de 1950, tomou novos rumos.

1 comentário

  1. linneu jose liborio stipp em 08/03/2018 às 22:09

    PRAECLARUS.

    Tive um tio de quem muito orgulhava.
    Tio Adauto.
    Adauto Jose Liborio.
    Durante muIto tempo foi gerente de cinemas em Santa Barbara d Oeste e em Americana.
    Promovia constantemente shows beneficientes, recrutava artistas Piracicabanos.
    Tio Adauto era um artista.
    Tinha uma figura típica o NHO BONIFACIO .
    Escrevia e apresentava monólogos.
    TIO ADAUTO .

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