Dois momentos da arte em Piracicaba
A influência da Bienal de São Paulo, surgida na década de 50, espalhou-se nas artes de todo o país, notadamente em cidades paulistas como Ribeirão Preto e Piracicaba. Aqui, os anos 60 foram marcados com o rompimento da arte acadêmica tendo como expoentes principais Ermelindo Nardin e sua pintura abstrata, o João Egydio Adâmoli de pinceladas largas e de forte colorido – que não mais cabia nos moldes do tradicional Salão de Belas Artes -, e a artista e professora Clemência Pecorari Pizzigatti, com a implantação da oficina de arte na então Pró-Arte, da Escola de Música dos Mahle. Para acentuar essa rivalidade foi criado, em 1968, o Salão de Arte Contemporânea.
O jornal “O Diário”, pioneiro na modernização da imprensa no interior do Estado, acompanhava o movimento dos artistas contemporâneos e era sua voz maior. Nele veiculavam críticas de exposições e do sistema adotado pela ação cultural do município. Uma das vozes mais veementes era a de José Maria Ferreira.
Com o passar dos anos, do aumento de artistas novos e do acomodamento dos tradicionalistas diante da nova ordem, o acirramento de posições foi desaparecendo. Finalmente, em 1980, a alguns amigos sugeri encerrar essa fase de discórdia com uma exposição sem precedentes. Representantes do SESC, da Ação Cultural, da Galeria Colombo, artistas e convidados se reuniram no bar “On the Rocks”, na Avenida Centenário, onde estavam expostos desenhos, pinturas a óleo, fotografias e esculturas. Os participantes: Archimedes Dutra, Alberto Thomazzi, Olavo Ferreira da Silva, Clemência Pizzigatti, Foresto Sicci Neto, Maria de Fátima Dantas, Maria Helena Brunelli, Renato Wagner, William Frank, José Roberto da Silva, Luiz Egidio Simoni, Arayr Olair Ferrari, Jairo Ribeiro de Mattos, Luiz Gobeth Filho, Fausto Bérzin, João Chaddad e Araken Martins.
Foi uma proposta diferente e de troca de idéias; uma miscelânea, é verdade, mas uma noite memorável.