Ida Schalch e o realismo erudito

Filha de pai suíço, João Schalch, e de mãe alemã,Henriqueta Busch Schalch, Ida nasceu em Piracicaba no dia 21 de dezembro de 1881. Parte de sua infância, porém, ela a passaria em Ribeirão Preto e em São Simão, retornando a Piracicaba na adolescência, onde morreu, em 1968, aos 87 anos.
Ida Schalch teve os seus primeiros ensinamentos artísticos com o notável pintor piracicabano, Alípio Dutra, que interrompeu suas atividades como professor para estudar na Europa. Foi, então, que Ida passou a ser orientada por Joaquim Bueno de Mattos, de quem recebeu influência decisiva em sua obra.

No Colégio Piracicabano
Seria no Colégio Piracicabano que Ida Schalch faria, além de sua atividade como professora, toda a sua carreira artística. Em 1910, começou a lecionar desenho e pintura no internato do Colégio, realizando uma importante documentação, através do desenho, de aspectos da vida do internato das jovens estudantes. Todo o ambiente de uma época, das escolas do final do século XIX e início do XX, foi captado por Ida, que conseguiu, também, documentar, através da figura e do retrato, personagens do seu círculo doméstico.
Ainda no Colégio Piracicabano, Ida passou a dedicar- se ao estudo pictórico de espécies botânicas, especialmente de flores, um tema que irá sensibilizá-la de maneira profunda. E é com um quadro de flor, “Begônia”, que ela inicia sua participação em exposições, recebendo, em 1916, o prêmio de menção honrosa de 2º grau, na Exposição de Belas Artes do Rio de Janeiro. A partir daí, passa a trabalhar juntamente com Joaquim de Mattos e Octávio Prates Ferreira. O primeiro trabalho documental de Ida Schalch relativo ao Colégio Piracicabano dada de 1915 e é um óleo sobre tela, reproduzindo os fundos do educandário, obra pertencente ao acervo da UNIMEP. Duas outras importantes obras suas permitiram, aos especialistas, restaurar o espírito e a arquitetura de uma época, segundo estudo feito por Umberto Cosentino. São elas “Alunas internas no pátio do colégio”, de 1918, e o hoje histórico quadro de 1920 em que Ida pinta a monumental fachada do Colégio Piracicabano, vista lateralmente, contrastando com a simplicidade das casas da rua Boa Morte à época.

A obra prima
Para o crítico de arte Umberto Cosentino, precocemente falecido, a obra- prima de Ida Schalch é o “Auto Retrato”, também conhecido como “Claudina”, pintado na varanda do andar superior do Colégio. É essa varanda que, restaurada conforme os detalhes captados por Ida, se tornou, hoje, um dos lugares mais emocionantes do novo Centro Cultural Martha Watts, a antiga casa de tantas alegrias e lembranças de Ida Schalch.
Em “Auto Retrato” observam-se os detalhes arquitetônicos de uma construção despojada, especialmente os da balaustrada de madeira. Naquela tela, Ida Schalch revela toda a sua sensibilidade e uma arte refinada, tornando-se merecedora de uma lugar especial na galeria dos pintores piracicabanos. No dizer de Humberto Cosentino, sua “documentação iconográfica e o registro por ela feito de um ambiente específico como um colégio interno, dão à sua pintura uma importância que merece ser ainda revista através de outras obras a serem levantadas.”

3 comentários

  1. Linneu Stipp em 19/03/2013 às 13:43

    Provincianos!

    Tia Ida, Tia Helena e Tia Sophia, foram minhas tias-avó, muito me orgulho disso. Eram filhas de Johannes Schalch, suiço e Henriette Johanna Dorotee Buch, alemã. Emigraram para o Brasil, destinando-se à Colonia Dona Francisca, a Henriette, irmãos filhos da viuva Henriette Miers, em outubro de 1855 e o Johannes em dezembro do mesmo ano. Henriette bem jovezinha, linda, linda, casou-se com o ranzinza Johannes, nem sei como, cabra feio, cara fechada…

    Foram para Cananeia, e depois Piracicaba.

    As 3 irmãs, Ida, Sophia e Helena eram missionarias metodistas, lecionavam no Colégio Piracicabano. Em um livro sobre a familia Schalch, escrito por Inah Schalch, dizia que Tia Helena estudara na Virginia EEUU;

    Saudades Mata a Gente!

    Os Stipp temos a genealogia no site:
    http://www.stipp-genealogie.de/_

    • Elisabete Consales Cruz, filha de Benedicto Stipp Cruz,, filho de Helena... em 17/10/2013 às 10:37

      Caro Linneu… Sua tia Helena é minha avó… Minha netinha leva o nome de Sophia…
      Não me esqueci do prometido, estou trabalhando bastante no escritório da nossa família e ajudando a minha filha que voltou a residir em Piracicaba, com as gêmeas..Forte abraço.

  2. Frida Marin em 03/06/2017 às 20:34

    Olá Lineu e Elisabete.
    Ida, Inês e Sophia tinham ainda outra irmã, Henriqueta Schach, minha bisavó, que se casou com o Capitão Otto Küster (Kuester), alemão de Hamburgo.
    Minha mãe morou com as tias por um período e tinha profunda admiração por elas.
    A tela que minha mãe ganhou de presente da tia Ida era de uma negra que foi , me parece, cozinheira do Piracicabano.
    Minha mãe doou ao Museu de Piracicaba.

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