Os Dutra, herdeiros de Miguelzinho (3)

JOAQUIM DUTRA

Era neto de Miguelzinho Dutra. Filho de Miguel Angelo Bonarroti Dutra e de dona Carolina Dutra, nasceu em Piracicaba em 19 de junho de 1864 e morreu em 28 de abril de 1930. Dos Dutra, foi o que mais pintou o Salto de Piracicaba e o nosso rio. Homem humilde, era conhecido pelo apelido familiar de “Nhô Quim Dutra”, figura popular na rua do Porto, onde, muitas vezes, trocava telas de sua lavra por peixes e até por sanduíches no armazém dos Pecorari, atual Restaurante Arapuca.
Joaquim Dutra foi artista múltiplo. Pintor, músico, escultor, decorador. Calcula-se em milhares – cerca de 4 mil – as telas em que registrou, apaixonadamente, as belezas de Piracicaba por seus mais diversos ângulos. Espalharam-se pelo Brasil e se encontram também   na Argentina, Uruguai, Chile, Estados Unidos, Inglaterra, Itália, Portugal, França. Pintou paisagens, naturezas mortas, figuras. Decorou teatros, igrejas, residências, mansões.

Em Piracicaba, foi responsável pela decoração das residências da Baronesa de Rezende, do Prof. Adolfo Carvalho, de José Leite Negreiros, a então famosa “Casa Cor de Rosa”, lamentavelmente derrubada para se transformar em estacionamento, na rua Moraes Barros, esquina de AlferesJosé Caetano. Em São Carlos, decorou a casa de Carlos Botelho, o Conde
do Pinhal. Foram de sua autoria as decorações das igrejas matrizes de Capivari, de Caconde, de São Carlos, de Itapira.

Como escultor, é de sua autoria a Imagem de Santa Bárbara, padroeira de Santa Bárbara d´Oeste, que foi entronizada na Igreja Matriz, São José, e o Menino Jesus, na cidade de Limeira. Como músico e compositor, executou peças de arte no antigo Teatro Santo Estevão, na Igreja Metodista de Piracicaba, na Sociedade Italiana. Compôs músicas populares e foi aplaudido como exímio ofcleidista.
Joaquim Dutra foi amigo pessoal de Almeida Júnior, que se declarava admirador de sua obra. A sua importância como pintor está registrada nos principais dicionários e histórias de arte editados no Brasil. Foi pai dos também grandes pintores Alípio, João, Antônio de Pádua e Archimedes, além de José e Helena.

Ilustração:  “Festa do Divino”, óleo sobre tela de 1914 , de Joaquim Dutra. (Reprodução de quadro, do livro de Augusto Carlos Ferreira Veloso).

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