Causos de jornalistas e radialistas, que vexame! (2)

O texto abaixo foi publicado em outubro de 1987 no semanário impresso A Província.

jor-foto

Imagine um repórter comendo a reportagem, um outro inundando a cidade e um terceiro comendo bolinha de manteiga no lugar de bolinho de queijo, numa leve confusão. Ou então, um radialista confundindo uma salva de 21 tiros com atentado.

Pois tudo isso aconteceu aqui mesmo, na Província. Os causos que envolvem alguns jornalistas, considerados folclóricos, vira e mexe são assunto de qualquer rodinha de profissionais de jornal e rádio da cidade. E como existe aquela história de quem conta um ponto, aumenta dois, esses acontecimentos acabam se tornando piadas que certamente vão fazer parte dos anais jornalísticos provincianos.

Vamos a alguns deles!

O maior fora (não furo) 

Esta quem conta é o próprio José ABC. Um dia, ele recebeu uma ligação de um jornal de Rio Claro, avisando que havia acontecido um grave acidente na rotatória da entrada da cidade e algumas vítimas eram de Piracicaba. O Zé escalou a dupla dinâmica (Batman e Robin, ou seja, o Djalma e o Fran) para ir até o local fazer a matéria.

Na redação, o Zé aguardava. Nove, dez, onze horas. Esquematizou tudo. Deixou espaço para as fotos e a reportagem com todos os detalhes possíveis. Por volta das 11h30 chegam os dois tranquilos, assoviando.

— E daí, como foi lá? Cadê a notícia? – perguntou Zé.

— Ah! Não tem notícia.

— Como?

— Houve o acidente sim. Morreram cinco pessoas e outras 15 ficaram feridas, mas não tinha ninguém de Piracicaba.

(Eu queria estar por lá para ver a cara que o Zé fez.) Conclusão: o Djalma de Lima teve que se virar mais que azeitona em boca de banguelo para conseguir as informações com os jornais de Rio Claro. Afinal, o Zé tinha determinado:  “Djalma, a notícia tem que sair”.

Confundindo as bolas

Se eu fosse o Djalma, escreveria um livro sobre seus furos na profissão. Esta foi demais.

Consta que na época de um dos Salões de Humor de Piracicaba, o Djalma de Lima aproveitou a boquinha e foi almoçar no Mirante com o pessoal que integrava o júri de seleção e premiação. Manja: Glauco, Chico Caruso etc. e tal.

O pessoal lá de São Paulo era vidrado no Mirante. À mesa, sentaram Fausto Longo, Djalma e os cartunistas. Papo vai, papo vem, um dos cartunistas arregalou os olhos. A sua frente, o Djalma de Lima, com um palito na mão, mirava uma bolinha de manteiga. Errou na primeira tacada, mas na segunda acertou na mosca, quero dizer, na manteiga.

Pasmado, o cartunista observou o jornalista levando a manteiga até a boca. Cutucou o Fausto Longo e perguntou. “Seu amigo está comendo as bolinhas de manteiga”.

Fausto, disfarçadamente teria dado um toque no Djalma…

— Seu desgraçado. Estou passando a maior vergonha. Você está comendo manteiga…

Djalma. “E daí, cada um come a  manteiga do jeito que quer…” (boa resposta, não!)

Nadando de óculos…  

Só vendo para acreditar. O Djalma mergulhando no mar de óculos. Mas ele tem tanta sorte que consegue segurar ós óculos pelas hastes, com os pés. Mas mais inacreditável é ver o Djalma comendo caranguejo.

Quando o garçom chegou com aquele bicho em cima da tábua, deixando o martelo em cima da mesa, as quatro pessoas se entreolharam. “Como se come isso aqui?”

O caranguejo foi um pedido de uma amiga de Djalma que não sabia o que fazer. Com toda a simplicidade do mundo, ele resolveu a questão. Puxou o caranguejo para o lado que estava sentado, pegou o martelo, mirou bem e tacou…

Todo mundo que estava do lado, olhou. O bichinho ficou esbugalhado em cima da tabuinha, até que o Djalma avistou em baixo da cadeira da mesa vizinha uma das perninhas do caranguejo. Ele não teve dúvida, levantou-se e foi até lá…

— Com licença, vou pegar a perninha do caranguejo que veio parar aqui…

Depois dessa, o jeito foi fazer como o “Leão da Montanha”. “Saída rápida para a direita”.

Deixe uma resposta