Causos de jornalistas e radialistas, que vexame! (3)

O texto abaixo foi publicado em outubro de 1987 no semanário impresso A Província.

jor-foto

Imagine um repórter comendo a reportagem, um outro inundando a cidade e um terceiro comendo bolinha de manteiga no lugar de bolinho de queijo, numa leve confusão. Ou então, um radialista confundindo uma salva de 21 tiros com atentado.

Pois tudo isso aconteceu aqui mesmo, na Província. Os causos que envolvem alguns jornalistas, considerados folclóricos, vira e mexe são assunto de qualquer rodinha de profissionais de jornal e rádio da cidade. E como existe aquela história de quem conta um ponto, aumenta dois, esses acontecimentos acabam se tornando piadas que certamente vão fazer parte dos anais jornalísticos provincianos.

Vamos a alguns deles!

Chamando o elevador… 

Esse Djalma é uma verdadeira peça. Uma outra que contam dele no meio jornalístico é que ele foi a São Paulo com um amigo. Sabe como é, né? Primeira vez em São Paulo; aquela loucura, deixa qualquer provinciano doido. O Djalma acho que endoidou mesmo.

Entraram em um edifício. Seu amigo parou para conversar e pediu a ele que fosse na frente, e chamasse o elevador.

Djalma cumpriu a risca. Botou a boca no buraquinho da porta do elevador, e chamou: “elevador, elevador…”

O amigo dele chegou e falou: Djalma, é pelo botão. E ele pegou o botão da camisa, sarrista como ele só, e voltou a chamar: “Elevador…”

 Inundando a cidade 

Mas o Djalma não é o único, não. Teve um jornalista aqui conhecido como J. Roberto que também foi uma parada. Numa época de muita chuva, ele recebeu uma ligação de uma rádio de São Paulo que queria informações sobre a situação do rio Piracicaba.

Empolgado com o início dos trabalhos na rádio, Jota logo se entusiasmou com o pedido do radialista, passando um boletim informando a situação.

Jota falou que o rio tinha subido mais de dez metros acima de seu leito normal. A notícia se espalhou e logo começaram a chegar os jornalistas de São Paulo que vieram constatar. A cidade toda, como ele havia alertado, não estava debaixo d’água. Apenas a rua do Porto.

Outra do Jota. Um certo dia ele estava na redação do Jornal de Piracicaba, onde fazia as notícias policiais. (De 100 palavras que falava pelo menos 70 por cento eram gíria).

O telefone toca. Do outro lado, a voz séria perguntou.

Quem fala?

“Aqui é o bom da boca” — respondeu Jota. Não se falou mais nada. Daí alguns minutos o telefone toca, novamente.

— Seo José Roberto. Fique sabendo que o bom da boca aqui sou eu (Era o doutor Losso Neto, que antes de responder ao Jota, perguntou ao Djalma de Lima o que significava bom da boca). Novamente o telefone foi desligado.

Depois a reação de Jota. “Nossa, era o homem…”

Confundindo os tiros  

Esta foi do radialista Xilmar Ulisses, quando trabalhava na rádio Difusora, antiga PR D-6. Para cobrir o enterro do ex-prefeito Luciano Guidotti, a direção colocou nas ruas grande equipe de radialistas. Em cada canto do trajeto do cortejo, ficou um profissional, alguns com mais, outros com menos experiência.

Ao Xilmar Ulisses coube ficar em cima do muro do cemitério da Saudade. De lá, ele tinha uma visão perfeita do féretro que subia a Moraes Barros. O corpo de Luciano Guidotti foi recebido com uma salva de 21 tiros. Xilmar não entendeu nada… Desesperado tentou explicar para a cidade o que achou que estava acontecendo. “Nossa, atentado no cemitério…”

Deixe uma resposta