A mulher do lobisomem

O texto abaixo foi publicado em fevereiro de 1988 no semanário impresso A Província. Preservamos datas, idades, comentários e gramática originais do texto.

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Quem tem medo de lobisomem? O temor à criatura ainda parece estar presente na província, mais do que se pensa. E nasce não propriamente de quem o avista, pois ver mesmo, “com esses olhos que a terra há de comer”, pouca gente diz que viu. Mas vem principalmente dos “causos”, que são transmitidos de geração a geração e que falam sobre o lobo em pele de homem.

Luiz Rodrigues, aposentado, de 68 anos, tem uma história, um “causo”, que vem sendo contado desde a época em que sua avó estava viva. “Ela me disse que numa noite bonita de lua cheia, um casal estava voltando pra casa no sítio por uma estrada de terra”.

Só que quando chegaram em frente a uma porteira, como diz seu Luiz, o marido disse pra mulher ficar um pouco sozinha. “Sabe como é, ele falou que estava apertado e precisava fazer as necessidades atrás de um matinho porque não ia aguentar até chegar em casa. A mulher ficou nervosa, disse que tinha medo, mas ele falou que era bobagem”.

Não teve outro jeito, ela ficou sozinha esperando o marido. “Não demorou muito apareceu um bicho grande que avançou nela. Ela percebeu que era o lobisomem, mas subiu na porteira, que era alta. O lobisomem pulava, mas não alcançava, só puxava a saia dela, que era de um pano vermelho vivo, rasgando a ponta”.

Depois que o bicho foi embora, como diz seu Luiz, “a mulher ainda esperou um tempo até o marido voltar. Quando ele apareceu, ela disse que tinha sido atacada por um lobisomem, ele caiu na gargalhada e disse que ela estava sonhando. Só que quando ele riu, ela pode ver uns fiapos de tecido vermelho entre os dentes dele. Era a sua saia, ela perceber que era mulher de um lobisomem”.

Leia outro causo com lobisomem.

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