Os conhecidos como grandes sovinas de Piracicaba

Em Piracicaba, como em qualquer outra cidade provinciana, basta uma pessoa ser econômica ou não gostar esbanjar dinheiro que logo é tachada de sovina. De pronto, torna-se conhecida e sobre ou acerca dela surgem os apelidos, as piadas e os casos que acabam se incorporando ao folclore da cidade.

Se foram fatos acontecidos ou se não “causos”, ninguém mais sabe.

Eduardo Fernandes Filho, o argentino mais piracicabano de nossa terra e excelente contador nos dois sentidos – contabilista e “causeur” passou alguns para A PROVÍNCIA.

A CARIDADE DO NATAN

Quando se erguia a nova Catedral de Santo Antonio, eram feitas campanhas e mais campanhas para se arrecadar fundos para sua construção. Em uma delas, dona Branca de Azevedo, em companhia de várias senhoras, saiu pela rua Governador, de loja em loja, arrecadando cheques de dez mil cruzeiros (dez contos, como se dizia) destinados à aquisição dos vitrais coloridos.

Lico e Toi Gatti prontamente lhe deram os dez contos de réis, como o fizeram o Eduardo, da Mercantil Piracicaba, o Elpídio, do Rei das Roupas Feitas, o Lorandi, do Bazar Modelo, os irmãos Cury, enfim quase todos os comerciantes  estabelecidos naquele trecho da rua.

Muito satisfeitas as senhoras já se propunham a voltar à igreja quando uma delas falou: “E o Natan? Nós não fomos lá. Dizem que ele é meio “mão-fechada” , mas dizem também que ele faz muita caridade”.

Indecisas, além do mais porque Natan Mittelmann era judeu e portanto não católico, as senhoras confabularam até que uma delas resolveu ir sozinha: “Se ele der, deu; se não der, que mal há em haver pedido?”. As outras a aguardaram na  sombra da calçada em fronte, mas por muito pouco tempo. Logo, dona Mariquinha voltou feliz com um cheque na mão.

– Nossa, ele deu mesmo? – foi exclamação geral.

– Prontamente. Olhem só: mil cruzeiros.

E todas queriam ver o cheque – “Ver para crer” – ora essa! Foi então que soou o vozeirão inconfundível de dona Branca: “Ora, ele se esqueceu de assinar. Mas não tem importância; eu mesma volto lá”.

Contou-se na cidade, que o que Dona Branca ouviu de Natan, ao dizer-lhe – “Seu Natan, o senhor se esqueceu de assinar o cheque” – foi a seguinte explicação:

– “Non esqueci, non, dona Branca. É que eu aprendi que caridade se deve fazer no anonimato!”

1 comentário

  1. Linneu Stipp em 26/09/2013 às 19:30

    Bom o ome veio fazer uns negocio em são paulo, o maço de dinheiro enrolado no papel com propaganda da loja, endereço e tudo o mais…

    esqueceu o montante em um taxi….

    e nem se lembrava….

    o onesto motorista, resolveu fazer uma viagenzinha até a noiva da colina, pra devolver o tutu contar com uma gratificãozinha, né?

    o veio natan agradeceu muito e falou pro motorista paulistano; COMO VOCE FOI ONESTO, NATAM NUM VAI COBRA O JURO DO TEMPO COCE FICO CO DINHEI RO….

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