Tesouro entrerrado na mata da Baronesa de Rezende (II)

De fato, a notícia correu de boca em boca. A partir do dia seguinte, no mercado, no jardim, nas esquinas, em toda a parte só se falava no tesouro. Histórias fantásticas e mirabolantes se espalhavam, excitando a curiosidade de uns, despertando um sorriso incrédulo em outros.

O mato da chácara da Baroneza tornou-se frequentado. Para lá afluiam curiosos de todas as condições sociais. Florindo assistia a tudo com o coração amargurado. Não comia, não dormia. Vivia rondando o mato, presenciando tudo o que ali se passava. Escondido atrás das moitas, protegido pelas sombras do arvoredo, vigiava, dia e noite, o “seu” tesouro.

Viu vultos silenciosos penetrarem no mato, na calada da noite, dirigindo-se ao jequitibá. Eram outros tantos garimpeiros improvisados, que tentavam a fortuna. Florindo aliou-se a eles. À medida que nada encontravam, iam desistindo da busca. Só Florindo perseverava, cavando e cavando, noite após noite. Mas até agora nada encontrara.

Após ouvirem esse relato, Enio de Andrade, então estudante, e Dr. Paulo Nogueira de Camargo, foram uma noite, com Florindo, ao jequitibá. Bem adentrados no carreador, nada viam além de sombras criadas pelo luar muito claro, quando Florindo disse baixinho – “Vocês viram? É dona Laura, sentada naquele tronco caído alí na curva. Parece que ela está muito triste”. Entretanto, eles não haviam visto fantasma algum e nem o viram até o amanhecer.

Ao derredor do jequitibá tudo estava esburacado. Não havia um palmo de terra que não tivesse sido revirado e esquadrinhado. O buraco entre as grossas raízes já era um poço. Florindo lá embaixo, com água até os joelhos, enchia a caçamba que os dois amigos puxavam com uma corda. Cavaram até a madrugada sem acharem tesouro algum, nem sinal dele. Eles também desistiram, como tantos outros cavoucadores noturnos haviam feito. Só Florindo continuou cavando, cavando, cavando …

Anos depois, a mata foi derrubada. Dela, como único sinal, ficou o tronco de cepado do gigantesco jequitibá que resistia ao tempo, elevando-se tristemente sobre a terra nua, como que a guardar ainda o tesouro de Florindo.

No começo da década de 60, Florindo morreu. Morreu sem ter achado o seu tesouro. Mas, – quem sabe? – algum dia – alguém ainda não irá encontrar a fabulosa arca?

3 comentários

  1. Conceição Caldorin em 23/08/2012 às 15:54

    Já ouvi mtas histórias contadas por parentes e amigos, mas está é novidade para mim, onde é está tal mata? Vamos procurar este tesouro.KKKKKKKKK…Mto boa…

  2. daniel em 08/02/2013 às 23:20

    oi

  3. Paulo em 27/03/2014 às 19:20

    Sou tataraneto da Baronesa :3

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