Nhô Zé e Dr. Zezinho

O texto abaixo foi publicado em agosto de 1987 no semanário impresso A Província. Recuperamos para lembrar os 30 anos de atuação em Piracicaba.

“Nhô Zé” e “Doutor Zezinho” não são personagens fictícios. Eles existem, estão ao nosso lado, em nosso cotidiano. “Nhô Zé” é o piracicabano assumido, aquele que aqui nasceu ou que para cá veio trazendo a sua contribuição para sermos um povo e uma cidade com raízes verdadeiras. “Doutor Zezinho” pelo contrário, é a negação de tudo o que somos como cidade ou como povo: “Doutor Zezinho” é aquele que, ou sendo nascido aqui ou para cá se mudando, nada tem a ver com a comunidade, pois tem a ver apenas consigo mesmo, o oportunista, o ridículo, o homem que, nada tendo na cabeça, ocupa espaços por ter dinheiro que nem sempre foi conseguido com decência. “Nhô Zé” e “Doutor Zezinho” são ricos e pobres, nativos e piracicabanos por opção, de todas classes sociais, cultos e incultos — com a diferença de que “Nhô Zé” tem senso de comunidade e “Doutor Zezinho” é o individualista sem qualquer senso de decência ou de ridículo.

Depois de uma viagem à Europa, por exemplo, como se comportariam “Nhô Zé” e ‘Doutor Zezinho”? Seria mais ou menos assim:

“NHÔ ZÉ” — Ocê viu, dotor Zezinho, quanta coisa bonita tinha lá no tar do museu do Louvre? Sinti até um comichão no peito quando vi uma pintura do rio Sena, pois me alembrei do rio Piracicaba.

“DOUTOR ZEZINHO” — Você é muito caipira, Nhô Zé. Aquele museu só tem coisa velha, pra que serve? Aliás, em Paris, eu fiquei irritadíssimo porque eles não tinham cerveja Brahma nem Vinho Sangue de Boi. Precisei comer caviar com champanha “Moet e Chandon”. A Europa acabou. Só tem velharia…

 

 

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