A bela e gloriosa ESALQ com suas maravilhas

Em 26 de agosto de 2007, com 106 anos, a centenária ESALQ foi anunciada a primeira das 7 Maravilhas de Piracicaba liderando, com 7.570 votos, em pesquisa realizada sobre os locais mais apreciados por seus moradores. Posteriormente, em 14 de novembro de 2007, o decreto de número 12.379, assinado pelo prefeito Barjas Negri, foi publicado no Diário Oficial do Município. A idéia foi inspirada na eleição das 7 Maravilhas do Mundo que indicou o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, como uma das obras mais belas do universo. Hoje, além das contribuições expressivas não só nos campos das ciências agrárias como também em ambientais e sociais aplicadas, destinadas ao ensino, pesquisa e extensão universitária, a ESALQ torna-se um marco que será historicamente lembrado e preservado pelo município.

A Escola possui lindas paisagens que já foram emolduradas em empresas, gabinetes, escritórios, estabelecimentos comerciais e residências. Serve de inspiração a poetas e artistas plásticos pela sua magnífica imponência. Apreciá-la pessoalmente é sentir-se contemplado pela natureza que se desenha em toda sua área estratégicamente localizada em ponto nobre da cidade. Em meio a esse panorama campestre despontam prédios arquitetados nos mais variados estilos, criando um cenário harmônico e de indescritível beleza estética, onde o piracicabano encontra um espaço privilegiado para o seu conhecimento e lazer.

O Prédio Central da ESALQ, o parque e parte do conjunto que compõem o Campus “Luiz de Queiroz”, enquadrados na categoria de bem cultural, histórico, arquitetônico e ambiental como Patrimônio Público Estadual, foram tombados pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo, em 12 de dezembro de 2006, quando foi assinada a Resolução de Tombamento de parte do Campus onde está instalada a Escola.

Também foram protegidos a antiga Usina (atual Estação de Tratamento de Água), a oficina, a antiga colônia (atual Centro de Vivência), os prédios próximos à alameda principal, a residência onde morava o diretor (atual Museu Luiz de Queiroz), os estábulos com as instalações próximas e o conjunto vinculado aos campos de café, composto por terreiro, armazéns e residências.

Alguns símbolos que fazem parte desta composição:

Prédio Central: projetado em estilo neoclássico pelo arquiteto inglês Alfred Brandford Hutchings, o Prédio Central se mantém como símbolo maior da Escola até os dias de hoje. As obras tiveram início em 1905 e sua inauguração ocorreu no dia 14 de maio de 1907.

Bonde: trazido pela empresa Britannica South Brazil Eletric Co., fez sua primeira viagem por Piracicaba em 16 de janeiro de 1916. Eram três linhas que cobriam a cidade e uma delas servia a Escola de Agronomia, que ficava a três quilômetros do centro da cidade. O bonde e o reboque, atualmente protegidos das intempéries, valorizam o Parque da ESALQ, motivando agradáveis recordações;

Bandeira – confeccionada por Archimedes Dutra e instituída oficialmente pela Comissão de Arte e Peças Honrosas da USP, em 1916, há uma simbologia específica para cada uma das cores que compõem o estandarte da ESALQ;

Parque: construído em estilo inglês, o Parque Professor Phillipe Westin Cabral de Vasconcelos foi concebido por Arsène Puttemans, arquiteto e paisagista belga que atuou na Escola até 1913. Único no estilo existente no Brasil, o local possui grandes gramados e amplos caminhos em área de rica variedade vegetal com espécies nativas e exóticas, como o ipê, pau-brasil, jequitibá, alecrim-de-campinas e o jatobá, o estilo inglês rompe a retidão e simetria das linhas e distribuição dos maciços arbóreo/arbustivos, promovendo uma nítida aproximação com a natureza;

Usina de Força: inaugurada em abril de 1920, a usina era movida a óleo diesel e fornecia iluminação para toda Escola. A Societé Suisse de Construções de Locomotivas e Máquinas Winterthur, através da Sociedade Comercial e Industrial Suíça do Brasil, forneceu os equipamentos e montou toda a instalação;

Quadros de Formatura: moldados em madeira, expõem fotografias dos formandos, desde a primeira turma, concluída em 1903, até 1973, quando foram substituídas por placas de bronze. Através de cada quadro é possível saber quem foram o diretor e reitor da época, os homenageados, patronos e paraninfos de cada turma, respectivos formandos e personalidades que passaram pela Escola e contribuíram com sua história;

Quadros da Deusa Ceres: “O desembarque do café no Porto de Santos” e “A colheita e o beneficiamento de algodão”, pintados em 1911 e 1916 respectivamente por Oscar Pereira da Silva (1865-1939), retratam a deusa Ceres, a cultura, a colheita e a comercialização dos produtos agrícolas;

Lagos: os espelhos d’água da ESALQ atraem garças, gansos, marrecos, cisnes e outras aves como os biguás que mergulham para se alimentar. São lindas imagens bucólicas que chamam a atenção dos visitantes, especialmente das crianças;

Lápide: foi construída em frente ao Prédio Central e, em 12 de junho de 1964, data de aniversário de Luiz de Queiroz, houve o translado dos restos mortais dele e de sua esposa, Ermelinda Ottoni de Souza Queiroz. O sepulcro foi projetado pelo artista piracicabano Archimedes Dutra, de forma simples e modesta. Com essa homenagem , concretizou-se o sonho dos admiradores do casal de vê-los repousando para sempre em terras da antiga Fazenda São João da Montanha;

Vitral: de Conrado Sorgenicht, considerado o maior vitralista brasileiro, é uma das imagens mais difundidas da ESALQ por iluminar o hall de entrada do Salão Nobre. Instalado em 1951, o painel de vidro traz cenas do cotidiano agrícola da Escola.

ESALQ hoje

O Campus “Luiz de Queiroz” ocupa um espaço territorial de 3.825,4 hectares, correspondente a 50,44% da área total da USP. A área em Piracicaba compreende 914,5 hectares. Existem ainda quatro estações experimentais localizadas nos municípios de Anhembi, Anhumas e Itatinga que ocupam 2.910,9 hectares, além da Fazenda Areão, em Piracicaba. A área construída no Campus é de 200.000 metros quadrados.

Atualmente, a instituição conta com 230 professores, 521 funcionários e cerca de três mil alunos. Oferece seis cursos de graduação, 16 programas de pós-graduação e já formou mais de 11 mil profissionais. Seu corpo docente é reconhecido internacionalmente pela qualidade de suas publicações e pela participação em eventos técnico-científicos.

A pesquisa realizada ao longo dos anos na ESALQ é de grande relevância. Quando fazemos uma retrospectiva da agricultura brasileira, descobrimos as contribuições da “Luiz de Queiroz”, uma segura Escola de Agricultura.

O impulso fornecido ao melhoramento de hortaliças refletiu-se diretamente nos hábitos alimentares e na economia nacional. Se não fosse a pesquisa agrícola realizada pela ESALQ, não teríamos milho híbrido nem o melhoramento de algodão e da soja. De seus modernos e bem equipados laboratórios, saíram novas variedades de plantas e soluções para controlar pragas e doenças de diversas culturas.

Bem antes de ser uma prática comum, a Escola já estudava a possibilidade do aproveitamento agrícola dos cerrados, a difusão do uso de fertilizantes minerais e a melhor utilização de ervas medicinais. Experimentos pioneiros em silvicultura e programas de melhoramento de espécies florestais foram destaque para o Brasil.

Foi da ESALQ que surgiram importantes estudos sobre o desenvolvimento de máquinas agrícolas e o uso de fertilizantes. A instituição difundiu conhecimentos nas áreas de controle biológico, manejo de animais silvestres, agricultura de precisão, biologia celular e molecular. Foi berço da entomologia, nematologia e acarologia brasileiras, bem como da estatística experimental agrícola.

As pesquisas sobre biocombustíveis, entrando para a era da energia renovável, aconteceram antes mesmo do presidente da república, Luiz Inácio Lula da Silva, lançar o Pólo Nacional de Biocombustíveis na ESALQ, em janeiro de 2004.

A publicação de artigos científicos em duas das mais relevantes revistas especializadas no meio científico, Nature e Science, foram grandes contribuições na área de pesquisa. Na primeira revista, foi publicado o sequenciamento completo do genoma da bactéria Xylella fastidiosa e, na segunda, a descoberta de novas bactérias na Mata Atlântica desconhecidas pela ciência.

Vale ainda ressaltar o importante papel da pesquisa que se aplica ao nosso dia-a-dia, ou seja, a elaboração de indicadores de preços de produtos, insumos e de serviços.

Além disso, para atender à demanda de pequenos agricultores que buscam orientação técnica, em junho de 2005, foi inaugurada a Casa do Produtor Rural. Ainda na Fazenda Areão encontra-se a Incubadora Tecnológica – EsalqTec, que abriga empresas de tecnologias voltadas ao setor agroindustrial num sistema compartilhado de incubação.

A ESALQ vem se fortalecendo a cada dia por meio de cooperação acadêmica existente entre a instituição e universidades estrangeiras. Qualquer aluno de graduação pode cumprir disciplinas no exterior, em instituições de ensino superior conveniadas ou não com a Universidade de São Paulo (USP), desde que a faculdade pretendida aceite estudantes de fora do país.

Importante também destacar o interesse das universidades estrangeiras em estabelecer convênios com a ESALQ. Em maio de 2006 foi instalado um gabinete da Universidade de Wageningen, da Holanda, que opera em nível internacional em todos os continentes. Aqui no Brasil a instituição estabelece um estreitamento com a América Latina para o desenvolvimento de novos programas de pesquisa, principalmente as de combustíveis biológicos.

A exemplo de Wageningen, foi instalado no mês de julho de 2007, a representação da University of Illinois at Urbana-Champaign (UIUC), através do College of Agricultural, Consumer and Environmental Sciences. As áreas de cooperação contemplam três linhas de atuação: complexo de soja, bioenergia e educação.

Enfim, para onde quer que nossos olhos se voltem – grãos, raízes, fibras, frutas, legumes, pastagens, florestas, aves, animais e outros, nos vemos diante dos resultados alcançados pela ESALQ, que somando sua luta à dos agricultores brasileiros, vêm construindo um país, hectare por hectare, semente por semente, durante décadas.

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