Antônio Correa Barbosa, família, escravos, agregados

Entre os livros do historiador piracicabano Mário Neme que se tornaram clássicos, está “Apossamento do Solo e Evolução da Propriedade Rural na Zona de Piracicaba”, publicado em 1974, Edição do Fundo de Pesquisas do Museu Paulista, da Universidade de São Paulo. Há informações preciosas e fundamentais para o conhecimento da história de Piracicaba. A exemplo do que já fizera em “A História da Fundação de Piracicaba”, de 1943, Mário Neme divulga a relação dos moradores da povoação em 1775, com correções.

Eram 231 moradores, distribuídos em 45 fogos (casas). Até sete anos, havia 37 meninos e 26 meninas; dos sete aos 15 anos, 21 meninos e 17 meninas; dos 15 aos 60 anos, 61 homens; dos 14 aos 50 anos, 61 mulheres. Acima dos 60, três homens; acima dos 50 anos,

cinco mulheres. O principal nome, evidentemente, é de Antônio Correa Barbosa, o Povoador.

A família do Povoador

Naquele ano de 1775, segundo o historiador, Antônio Correa Barbosa tinha 40 anos de idade e era casado com Ana de Lara, com 28. Tinham quatro filhos. O mais velho, João, com oito anos de idade; Bárbara, com cinco; Alexandre, com três; e o mais novo, Antônio, com dois. O caçula foi a primeira criança a ser batizada na Freguesia de Piracicaba, em julho de 1774. Antônio Correa Barbosa achava- se na zona de Piracicaba desde pouco antes da fundação oficial do povoado, em 1º de agosto de 1767. Sua designação para organizar e dirigir o núcleo ocorrera no ano anterior.Em 1771, Barbosa fora nomeado capitão das Ordenanças, tornando-se comandante dos milicianos alistados na povoação.

O nome completo de sua esposa era Ana de Lara da Silva. Era filha de Antônio de Aguiar da Silva e de sua segunda mulher, Branca Luísa Flores. Por parte de mãe, Ana era neta de Manuel Cardoso Flores e Maria Martins Bonilha. Enviuvando pela segunda vez, o pai de Ana de Lara se casou, em 1756, com Ana Antônia de Almeida, filha de Francisco Barbosa de Almeida e Francisca da Silva Campos. Todos esses nomes estão relacionados a famílias residentes em Piracicaba nesse período.

Tudo indica que Antônio Correa Barbosa tenha vindo para Piracicaba apenas depois de sua nomeação, em 24 de julho de 1766. Isso leva a crer que tivesse casado com Ana de Lara por volta desse mesmo ano, deixando-a em Itu com o primeiro filho por nascer ou recém-nascido. Até então, o Povoador não havia requerido sesmaria. Mas, em 1784, quando se deu a mudança da sede do Povoado para a margem esquerda do rio – em terras por ele adquiridas ao primeiro sesmeiro, Felipe Cardoso – Barbosa, em permuta, ficou com a posse das terras à margem direita, onde começara a povoação. Posteriormente, seus herdeiros as venderam, pois, dos

primeiros quatro filhos, três passaram a residir em Campinas e um deles faleceu solteiro.

Antônio Correa Barbosa e Ana de Lara estavam, em 1782, com mais dois filhos: Francisco, de 19 meses e Cecília, de sete anos. Cecília viria a casar-se com José Pereira Pontes, mas não há informações maiores a respeito.

Escravos e agregados

Como todo chefe de família à época e na povoação, Antônio Correa Barbosa tinha agregados e escravos. Estes eram em número de seis. E 12, os agregados. Para efeito de curiosidade, Mário Neme colheu detalhes sobre os agregados que eram qualificados também por limitações físicas. Eram as seguintes as pessoas agregadas à família de Antõnio Correa Barbosa: Gertrudes Maria , 28 anos; Rita, 23; Francisco Exposito, 11; Salomão, 60; Manoel, 50; José, 30; João, 24. Outros quatro, além da idade, eram apresentados por suas deficiências: Antônio, 20, mudo; Bento, 16, tonto; José, 30, aleijado; Aleixo, 20, aleijado.

Naquele sítio de sesmaria onde a família morava, havia 40 cabeças de gado, mais cinco que produziam bezerros, 400 alqueires de milho, 80 alqueires de feijão. E no rol dos bens, constavam, também, os seis escravos.

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