Calçadão na rua do Porto: maioria é contra

O texto abaixo foi publicado em junho de 1988 no semanário impresso A Província. Recuperamos para lembrar os 30 anos de atuação em Piracicaba.

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Não há qualquer dúvida quanto à necessidade de preservação e de melhorias na rua do Porto, o local mágico da cidade, onde as novas gerações estão encontrando como que a verdadeira alma de Piracicaba. No entanto, a decisão do preboste Adilson Maluf de criar o calçadão naquela rua encontrou fortes resistências não apenas dos proprietários de “butecos” , barzinhos e restaurantes, como dos próprios frequentadores do local — pessoas que, pelo visto, percebem que a “magia” da rua do Porto está na preservação de suas características e de sua maneira antiga de ser.

A PROVÍNCIA ouviu frequentadores do local, pessoas habituadas a ter, na rua do Porto, um local onde possam manter um estilo de vida mais romântico e sereno. Pelas pessoas que ouvimos, o prefeito Adilson Maluf perdeu escandalosamente diante da opinião pública.

Fátima Maria da Silva, 35, funcionária pública — “O calçadão vai tirar a beleza natural do local. O calçadão vai diminuir o movimento e comprometer a parte histórica. Eu, particularmente, gosto da Rua do Porto do jeito que ela é. Agora ela vai ficar como qualquer outra cidade, vai perder sua peculiaridade. O calçadão não vai funcionar porque vai tirar os carros da rua. Os carros eram uma distração para gente. Depois que começaram a instalar o calçadão na rua do Porto não fui mais lá”.

Marco Antonio, 21, estudante – “Acho ótimo o calçadão por aqui. Vai dar um astral maior, vai sobrar mais espaço prá gente. Não vejo mal nenhum. A rua do Porto será sempre a rua do Porto, com ou sem calçadão”.

Helena dos Reis, 28, professora –a “Não gostei muito da implantação do calçadão na rua. O movimento já caiu bastante. Depois, os carros ficam do outro lado, um prato cheio para roubo. Desde que fecharam a rua não passei mais por lá”.

Sônia Furlan, 22, bancária – “Sou contra. Acredito que o calçadão vai acabar com o movimento no local. Poucos estão dispostos a parar o carro longe e ir a pé até os bares. E acho que o calçadão pode chegar até a descaracterizar a rua, o principal ponto turístico da cidade, que guarda parte da história de Piracicaba”.

Rosemary de Campos, 23, escriturária – “Gostaria de ver a rua do Porto restaurada, na concepção da palavra, e não reformada ou modificada, como vai ficar com o calçadão e outras obras. Acho que isso pode ferir aquela ‘magia’ que a rua e o rio Piracicaba trazem a este lugar. Gostaria que essas obras influíssem o mínimo possível na arquitetura, na paisagem, no clima que a rua do Porto transmite a todos nós”.

Syda Ferrari, 29, estudante de História – “O calçadão vai descaracterizar a rua do Porto que é um patrimônio da cidade. A partir do momento que mexe na estrutura, viola a tradição. Aquela integração que existe na rua do Porto pode acabar”.

Claudinei José, 21, auxiliar de escritório – “Todos os finais de semana vou tomar uma cervejinha na rua do Porto, na beira do rio. Mesmo com o calçadão vou continuar indo. Adoro aquele lugar”.

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Beatriz Herling, 36, funcionária pública — “Acredito que o calçadão na rua do Porto fará com que aumente o fluxo de pessoas no local. Não acho que o projeto descaracterize a rua do Porto, uma vez que eles estão mantendo as casas dos pescadores, onde hoje estão instalados bares. Tirando os carros do local, sobra mais espaço para a gente. Achei válida a iniciativa.”

Telma Lucafó, 23, engenheira civil – “Sou contra o calçadão porque vai tirar o trânsito de lá, mas não acredito que chegue a descaracterizar o local. Acho que vai diminuir o movimento. Eu, por exemplo, já desisti de ir até lá”.

Carla Maria, 22, estudante — “Esse negócio de modernização mata. Mata as características próprias do local. Eu prefiro a rua do jeito que está sem calçadão. Seria interessante a prefeitura conservar o local, mas não interferir no jeitão das coisas. Dá uma olhada. É bom ver o pessoal a vontade conversando, numa “vila” que pertenceu aos pescadores. Acho um absurdo colocar este calçadão aqui. Vai acabar todo um sentimento que o local transmite que é próprio dele. Não sei o que é”.

Neuza Sabadotto, 28, advogada – “Acho que a rua do Porto deveria permanecer do jeitinho que sempre foi. Ela já serviu de inspiração para tantos artistas, agora vão mudar prá quê? O pessoal que conheço gosta mais do jeitão dela assim. Geralmente a gente sai de carro para dar uma volta e acaba passando peIa rua do Porto e ficando. Ninguém vai querer vir para cá, parar o carro longe… O calçadão vai diminuir o número de freqüentadores’ ‘ .

João Penatti, 33, bancário — “O calçadão é uma bosta porque está acabando com o movimento e com a característica da rua do Porto, a simplicidade que ela tinha e que cativava as pessoas. O povo gosta da rua do jeito que é. O calçadão faz parte da modernização e, acredito, vai comprometer o que ela tem de mais gostoso: aquele jeitão nosso. Aquela rua e as pessoas que a freqüentam se identificam” .

Ruth Ramos, 23, dentista –  “Sou contra o calçadão na rua do Porto porque vai acabar com o movimento, diminuir o fluxo de carros. É tão bom passar por lá de carro, ver aquele movimento, o Rio Piracicaba. Ficará mais difícil freqüentá-la porque não teremos lugar para estacionar”.

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