Entrevista com “o criador de canários”

Foto: MANOEL LOPES ALARCON (Revista Mirante)

A Revista Mirante nº33 trouxe a reportagem “O Homem e o Pássaro” que agradou a muitos leitores que gostavam de canários ou se dedicavam a sua criação. Jonas Corrêa de Arruda, “o criador de canários”, cedeu então uma outra entrevista à Mirante – número 36 – falando mais sobre a criação desses pássaros.

Ele foi procurado no seu “laboratório” de criação de canários “rollers”, onde cedeu a entrevista, em 1960. Confira alguns trechos:

– Jonas, você afirmou que é difícil encontrar casal que trata convenientemente dos filhotes. Nesse caso, o que deve fazer o criador?

J – O assunto é vasto. Muitos criadores lançam mão das fêmeas comuns, batizadas de pé-duro, pela Associação de Bauru. São geralmente boas criadeiras e servem de ótimas “madrastas”. Eu, porém, prefiro colocar-me no lugar de “padrasto”, agindo assim: Dissolvo em água fervendo leite Ninho, em quantidade que julgo necessária, adicionando em seguida farinha Pablum (cereal composto) e germe de trigo.

Nos primeiros dias de vida dos filhotes, essa papa deverá ser bem mole. Com auxílio, de um pauzinho- serve o de sorvete – apontado em uma das extremidades, de acordo com a idade dos filhotes, com ponta muito fina nos primeiros dias a fim de pegar pouco alimento, pacientemente, de meia em meia hora, retiro o ninho do viveiro com muito cuidado, colocando-o sobre uma mesa, e trato dos filhotinhos.

– Qual a criadeira preferível, a de ferro ou a de madeira?

J – Por dois motivos principais, prefiro a de ferro: primeiro, por ser a mais higiênica e menos sujeita aos parasitas – piolhos; segundo, por ser mais estética e dar melhor impressão aos visitantes. Contudo devo observar que o canário tanto cria num modesto caixão de querosene transformado em viveiro como em viveiro chique de arame.

– Quais devem ser as dimensões de um viveiro de cria?

J – Recomenda-se o de 0,60 x 0,30 x 0,50. O fabricado por Francisco Figueiredo Lima – o Chico Lima – (aliás, o fabricante número 1 desta cidade), em madeira, tem as dimensões de 0,60 x 0,30 x 0,40. Por falar em gaiolas, devo lembrar que as fabricadas em Piracicaba são famosas e conhecidas no Estado todo. Os fabricantes Chico Lima, Cobrinha e Jorge Kok são verdadeiros artistas em gaiolas de madeira. Em gaiolas de ferro, tínhamos o Dario Massari que se tornou célebre fabricante e lamento profundamente que tenha acabado com sua fábrica.

– E os poleiros também requerem cuidado?

– Sim. Não devem ser muito finos, pois assim concorrem para um defeito grave – crescimento exagerado das unhas dos pássaros. Devem ser mais grossos do que finos. Geralmente os fabricantes já os fazem de grossura conveniente a cada espécie de passarinho. Devem ser sempre raspados e nunca lavados, para não conservarem umidade que seria prejudicial à saúde da ave.

– E os ninhos como são feitos?

J – Adoto os de corda. Há também os de madeira e até de barro. Os ninhos são colocados nos ângulos superiores do viveiro. Como material para a fêmea construir sua cama, uso saco de estopa bem lavado, cortado em pedaços pequenos e desfiados.

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