Ingênuos nomes de nossas ruas antigas

O historiador Guilherme Vitti sempre foi um dos principais estudiosos dos antigos nomes de ruas de Piracicaba. Alto funcionário da Câmara Municipal por longos anos, secretário de administração de prefeitos, Guilherme Vitti recuperou documentos fundamentais para o estudo de nossa história, documentos infelizmente nem sempre reconhecidos ou valorizados.

Em 1957, na Revista Mirante (julho, nº5), o prof.Guilherme Vitti publicou um trabalho instigante, indicando nomes e, ao mesmo tempo, interrogando-se sobre a localização de muitas delas. Percorrendo a época de 1822 a 1838, Guilherme Vitti levantou nomes que mostram uma Piracicaba romântica, aconchegante, quase ingênua. Abaixo, o relato de nosso mestre e historiador, e as ruas que ficaram registradas

” Rua da Ladeira – Seria o primeiro nome da Rua XV de Novembro, que substituiu o nome de Rua da Quitanda?

Rua do Piolho – Qual seria atualmente?

Rua de Santa Cruz – Ainda é a mesma, felizmente.

Rua da Ponte, também, Ponte Velha – Seria a S. José ou a Morais Barros? Mais tarde, houve outra Rua da Ponte, substituída pela atual Rua Campos Salles.

Rua do Poço – Onde ficava?

Rua da Barroca – Provavelmente a atual Rangel Pestana que foi antes Rua dos Ouvires.

Rua da Grama – ?

Rua das Flores – Que belo nome ostentava a atual 13 de Maio.

 

Rua de Santo António – ainda a mesma. Também, pudera! Rua do orago, do taumaturgo português, patrono do fundador da Freguesia, Capitão Mor, António Correa Barbosa e, por cima, tenente-coronel do Exercito, com direito a soldo mensal ! Ainda mais. Havia o Quarteirão de Santo Antônio. Qual seria na atualidade?

Rua Fermoza ou Formoza – Não localizamos.

Rua da Roza – Nome da flor, ou de alguma dona de finos predicados? Quiçá a viúva disputada de Capitão Famoso!

Rua da Caxoeira ou Do Salto é a Cristiano Cleopath.

Rua da Boa Vista, a antiga, porque agora, há outra. Seria a do Rosário?

Rua da Palma – Em citações recentes, concluímos ter sido uma travessa da cidade. Não tem relação com a atual.

Rua da Bica, Travessa da Bica e Rua do Itapeva, presumimos sejam uma só, que bordejava o Itapeva do lado daquém.

Rua da Graça – Que galanteza de nome, não acham?

Rua do Rocio – Limites das terras públicas da vila. No momento chama-se Monsenhor Manoel Francisco o nome de Marechal Deodoro da Fonseca.

Rua de São Benedito. Desapareceu.

Rua do Tanque – Corresopnderia à Rua Tiradentes?

Rua de Sam Jozé – O nome resistiu firme à Fúria dos “troca-nomes”.

Rua do Pateo – Trecho inicial da Boa Morte.

Rua Nova – Provavelmente a Saldanha Marinho.

Rua da Praia – Nome primitivo da Rua do Porto.

Rua da Alegria – Não localizada.

Rua do Alecrim – Idem.

Rua da Boa Esperança, a atual D. Pedro II.

Rua do Conselho, hoje, Regente Feijó e finalmente,

Rua do Pao Queimado, atualmente a Rua Alferes José Caetano, primeira rua citada nas atas da Câmara Municipal.

A nomeclastia começou lá pelo ano de 1850.”

Para se ver, pois, que era o povo, em tempos mais simples, que nomeava as ruas pelas quais passava, onde convivia, ruas que eram o espaço onde a população se manifestava e vivia. Tão diferente de hoje, quando ruas têm nomes conforme interesses políticos e eleitoreiros.

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