Memória – Centro Cultural Martha Watts (18)

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Detalhes do espaço, antes do restauro.

Resgatando as características originais

Cento e vinte anos depois de sua construção, o prédio do Colégio se descaracterizou significativamente. Reformado várias vezes, recebeu diversas subdivisões e anexos. O trabalho do arquiteto Marcelo Cachioni começou, então, em maio de 2000, e o primeiro passo foi identificar o que o edifício ainda guardava de sua identidade original. Uma verdadeira garimpagem estaria pela frente, em busca de informações.

A referência para o restauro foi estabelecida: o começo da década de 1920 e não a data da construção original, 1884. Cachioni esclarece: “O condicionante desse recorte de tempo foi o muro. No início, existiam mourões de madeira com arame, o que não seria possível usar atualmente, precisávamos de uma grade. Por outro lado, a referência específica para a fachada do prédio foi o ano de 1914, quando foram incorporadas as quatro colunas. Diante disso, escolhemos um momento em que o conjunto, já com o SaIão Nobre, estivesse estabelecido, que fosse mais adequado para o novo uso e não apresentasse perdas significativas.”

As cores permanecem no passado

Elas estão documentadas, demonstradas em uma tabela de referência, mas não será mais possível apreciá-las. As cores originais foram dispensadas porque o projeto museológico do Centro Cultural exige paredes brancas por causa do material a ser exposto. Elas estão presentes apenas em alguns ambientes de época recriados, como o quarto de Miss Watts e o escritório da diretora que a sucedeu, Miss Stradley.

Cachioni conta que o espaço interno do prédio recebeu várias cores. A primeira a ser identificada só no edifício principal foi o verde-garrafa, que deu lugar, ao longo dos anos, ao verde-musgo, rosa-choque, azulão, entre vários outros tons. Na década de 1920, a cor utilizada foi pérola, a mesma que recobre, hoje, as paredes internas do Centro Cultural.

“Sempre tivemos que atuar num limiar entre a conservação e a modernização. Utilizamos uma metodologia específica que buscou conciliar aspectos originais do prédio com as necessidades impostas pelo novo uso do espaço.” Cachioni ressalta, inclusive, que alguns métodos de restauro indicam a convivência do antigo com o novo. Entre eles, a Carta de Veneza, o mais utilizado, recomenda que sejam utilizados materiais atuais para o restauro, como o gesso, e faz um destaque especial quanto às instalações.

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Muitas rachaduras danificaram o prédio, ao longo dos anos.

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A referência para o restauro da fachada foi o ano de 1914, quando as colunas foram incorporadas.

Acompanhe outros capítulos da história da missionária metodista norte-americana Martha Watts e do Colégio Piracicabano, seguindo nossa hashtag Memória Martha Watts.

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