Memória – Centro Cultural Martha Watts (5)
Reproduzimos, em capítulos, um pouco da história da missionária metodista norte-americana Martha Watts e do Colégio Piracicabano – trajetórias que influenciaram a educação do Estado de São Paulo, no final do século XIX. Este conteúdo foi reunido na publicação que comemorou a inauguração do Centro Cultural Martha Watts.
O século XX caracterizou-se pelas mudanças. Entre elas, o primeiro diretor do sexo masculino foi Clyde Lloyd Cooper, um norte-americano bastante entusiasmado pelos esportes. Ele ocupou o cargo de 1932 a 1935, fase em que o Colégio valorizou sua área esportiva – que receberia destaque por toda a década de 1940. A primeira quadra de basquete cimentada da cidade, por exemplo, foi do Colégio; assim como a primeira piscina autorizada ao uso público.
A dimensão assumida pelos esportes foi tal, que Affonso Romano Filho, diretor do Colégio entre 1938 e 1945, se tornou o primeiro presidente da Comissão Municipal de Esportes de Piracicaba.
Também nessa época, o primeiro diretor brasileiro a dirigir o Colégio foi Irineu Guimarães, que sucedeu Cooper. Ele ainda foi o primeiro leigo a ocupar a função, embora tivesse frequentado o seminário. Guimarães é lembrado como uma pessoa de forte compromisso social: fomentou um Caixa Escolar para criação de uma escola de alfabetização ou manutenção de alunos pobres.
Era, de fato, um outro momento, motivado, em parte, pela independência da Igreja Metodista do Brasil em relação à Igreja dos Estados Unidos, ocorrida em 1930.
Um ciclo que se encerra
Os anos 40 completaram um ciclo de expansão e hegemonia do Colégio. Também nesse momento, o Colégio abrigou os filhos da elite, só que, agora, uma elite nacional, e não apenas local. Mais adiante, porém, o final dos anos 50 sinalizaria a interrupção dessa jornada ascendente.
Pós-guerra; novos referenciais. Em São Paulo, o ensino público foi reforçado, em qualidade e quantidade; em Piracicaba, o Colégio Salesiano Dom Bosco se consolidou. Era como uma nova investida dos católicos contra os protestantes, acirrando os ânimos entre as duas igrejas.
Esse cenário, somado à intensificação das dificuldades financeiras, contribuiu para a crise do Colégio – como relata Cecílio Elias Netto em seu livro “Ousadia na Educação, a formação da UNIMEP”, que ainda acrescenta: “O surto de nacionalismo que sacudia o hemisfério e o Brasil no final dos anos 50, elegendo o ‘imperialismo americano’ como o inimigo número um, repercutiu também na Igreja Metodista brasileira, em suas relações com a dos Estados Unidos, que ficariam tensas alguns anos depois. Assim, muito do apoio financeiro que o Colégio Piracicabano recebia do exterior foi se estancando.”
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