Piracicaba, no final do Século XIX

Parte interna do Colégio Piracicabano, já citado no Almanak para o Estado de São Paulo de 1896, em pintura de Ida Schalch

O “Completo Almanak para o Estado de São Paulo para 1896” – reorganizado por Canuto Thorman e publicado pela Editora Companhia Industrial de São Paulo – fez um significativo registro de como era Piracicaba no final do Século XIX. São dados, portanto, anteriores ao histórico “Almanaque para 1900”, que se tornou uma das fontes primárias para se entender Piracicaba.

Em 1896, havia cinco igrejas na cidade: a Matriz de Santo Antônio, Igreja de São Benedito, da Boa Morte (do Assunção), da Santa Cruz e estava em construção a Igreja dos Frades. Os principais edifícios eram: o da Câmara Municipal, o da Santa Casa de Misericórdia, o Hospital dos Morpheticos, o Lazareto, o Mercado e duas cadeias.

O Jardim Público era o centro das atividades sociais dos piracicabanos e as principais ruas eram: Alferes José Caetano, Boa Esperança, Boa Morte, Commercio, Direita, Glória, Municipal, Palma, Piracicaba, Prudente de Moraes, Rio das Pedras, Rosário, Salto, Santo Antonio, São José, 13 de Maio, destacando-se, também, o Largo da Matriz. O mercado tinha um diretor, Antonio Pereira de Andrade, e o zelador do Cemitério era alguém cujo nome se tornou célebre: Gaspar Fessel.

A imprensa

O “Almanak de 1896” dá grande destaque ainda à “Gazeta de Piracicaba”, como principal jornal da Cidade, citando, também, o “Jornal do Povo” e “O Grilo”. Lembra, porém, que Piracicaba teve outros jornais: o “Piracicaba” (1876), “O Bugre” (1878), “O Corisco” (1879), “A Democracia” (1879), “A Alvorada” (1880), “Piracicabano” (1882), “Diário de Piracicaba” e “Lavrador Paulista” (ambos de 1883). Curiosamente, o redator do “Almanak para 1900”, Manoel de Arruda Camargo, não faz referência à existência de quase nenhum daqueles jornais citados em 1896.

Escolas

Dois colégios têm destaque em 1896, exatamente os que se criaram como escolas confessionais. Segundo o “Almanak”, o “Collegio Piracicabano para meninas (direcção de professoras americanas)” e o “Collegio São José para meninas (direção das irmãs de caridade)”. Há referências, ainda, ao Collegio Ypiranga e ao Externato Paulista. O relatório é falho, pois outras escolas funcionavam plenamente e há bom tempo em Piracicaba, como a “Scuola Italiana Umberto I” (desde 1893), a “Eschola Fluminense” (desde1892), a “Eschola de D. Eulália” (Profa. Eulália Pinto de Barros), criada em 1876.

Teatro e Sociedades

O “Theatro Santo Estevam” era, em 1896, o único da cidade, ainda que em estado precário apesar das reformas. Havia sociedades lítero – musicais tais como o “Club Euterpe”, a Sociedade Artistas e Operários e uma sociedade comandada por antigos membros do Club Democrático, o “Club do Commércio e Lavoura”, que tinha na diretoria personalidades então famosas como o médico J. Silveira Mello e o advogado Adolpho A. Nardy de Vasconcellos.

Médicos e advogados famosos

A presença dos Moraes Barros e a forte influência do Partido Republicano marcou Piracicaba, desde a luta contra a monarquia, por um esforço muito grande no sentido cultural. Foram famosos os médicos e os advogados que atuavam em Piracicabano final do Século XIX.

Advogados: o Barão de Rezende, Estêvão Ribeiro de Souza, Adolpho A. Nardy de Vasconcellos, Adolpho Corrêa Dias, Antonio Pinto de Almeida, Antonio de Moraes Barros, Avelino de Paula Carvalho, Carlos de Arruda Botelho, Francisco Correa Borges e os notáveis Francisco Morato e Manoel de Moraes Barros.

Médicos, respeitados e famosos, quase todos foram homenageados com ruas levando seus nomes: drs. Adolpho Posso, João Baptista da Silveira Mello, Luiz Alexandre, Norberto de Campos Freire, Paulo de Moraes Barros, Paulo Pinto de Almeida, Reginaldo Alvim e Torquato da Silva Leitão.

O único marmorista de Piracicaba era o pai de Sud Mennucci, Amadeu Mennucci.

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