Santana e Santa Olímpia, riqueza das tradições

Suas histórias já foram descritas em livros, inspiraram uma peça teatral montada e premiada por um grupo universitário; músicas e danças de seus primeiros habitantes continuam sendo divulgadas e aplaudidas em festas típicas de Piracicaba. Com seus habitantes, durante décadas praticamente isolados da comunidade brasileira, assim se mantiveram as tradições e a cultura italiana, da região de Trento, que até hoje pode ser encontrada nos bairros de Santana e Santa Olímpia. Santa Olímpia localiza-se a cerca de 20 quilômetros de Piracicaba, numa região cujas terras pertenceram originalmente ao Barão de Serra Negra.

Seus sucessores, entretanto, sem poderem quitar dívidas, fizeram com que a propriedade permanecesse em mãos de bancos, através dos quais os seus primeiros colonizadores puderam adquiri-la. Eram italianos, vindos da região de Trento, em 1881, chegados no Rio de Janeiro e trazidos a Campinas, onde seus parentes já povoavam a fazenda Sete Quedas, propriedade do Visconde de Indaiatuba. A luta para que conseguissem comprar as terra foi longa e árdua e, em função de desencontros legais com os documentos de posse, acabaram por fazer o pagamento duas vezes, segundo relata Guilherme Vitti, descendente dos primeiros moradores, que registrou em livro a epopéia dos imigrantes.

Como a região é montanhosa, ali, nos primeiros tempos, cultivaram-se videiras, atividade trazida pelos imigrantes.Também o bairro de Santana teve origem em terras do Barão de Serra Negra, que procurou homenagear sua esposa, Dona Ana, com o nome de Sant’Ana dado a sua fazenda. “A propriedade foi adquirida pela família de Bartolo Vitti e sua mulher, Maria Sartori, em 1893, por cem contos de réis, pagos em prestações anuais, que duraram anos em virtude das más colheitas de café, causadas pela geada. Em razão disso, as hipotecas resultantes foram quitadas mediante entrega de áreas da própria fazenda que, de 300 alqueires, reduziu-se a 220”, historia Guilherme Vitti. Após a morte do casal, a área foi dividida pelos herdeiros em número de oito e à sua descendência, bastante numerosa, couberam apenas pequenas chácaras.

Os bairros conseguiram, entretanto, manter suas tradições, especialmente porque, nas primeiras décadas, os imigrantes praticamente não se envolveram com brasileiros, realizando casamentos entre as próprias famílias vindas da Europa. Neles hoje existem escolas,infra-estrutura de água, esgoto, luz, telefone, transporte que faz a ligação via ônibus com Piracicaba. Com o passar dos anos, muitos foram os vereadores eleitos pelos dois bairros, garantindo sua representação na Câmara de Piracicaba.

A religião católica, originária do trabalho dos frades capuchinhos, atinge praticamente a totalidade dos moradores, existindo entre as famílias muitas freiras e padres. Dois bispos vieram destas comunidades: atual bispo de Curitiba (anteriormente, bispo em Piracicaba), D. Moacir Vitti, e D. Marcelino Correr. O dialeto italiano também foi mantido e entre os mais idosos ele ainda é utilizado cotidianamente. Grupos de jovens têm mantido as manifestações culturais intactas, com a existência de corais que fazem das músicas folclóricas seu principal repertório, e danças típicas.

(Foto: Davi Negri)

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