XV de Piracicaba: quem eram os reservas em 1957?

Surgia no esquadrão do XV de Novembro uma geração de novos valores. Com o título “O XV de Novembro, nos dias de hoje, prepara as revelações para o amanhã”, a Revista Mirante número 6 trouxe reportagem sobre os reservas do time piracicabano, em 1957.

Fotos: Cantarelli

Veja a reportagem de B. Rebello (Revista Mirante):

“Surge no esquadrão do XV de Novembro da atualidade, glória do futebol profissional no “association” brasileiro, uma geração de novos valores para amanhã. Revelações que já transpuseram a etapa embrionária para alcançar o amadurecimento de autênticos «ases» do futebol-profissão. Através de um preparo intenso que se fraciona no moral, técnico, físico e psicológico, poderão estes jovens de hoje ocupar, com a mesma regularidade dos titulares, a posição em qualquer eventualidade. Cedo ou tarde serão futuros ocupantes das peças do “team”. O XV assenta as suas bases numa política certa, correta e econômica. Procura “criar” autênticos “pratas da casa” e tornar-se, como nos seus primeiros anos no profissionalismo, um verdadeiro celeiro de elementos de categoria no peból da “primeira linha'”. Não há duvidar que o “Nhô Quim” perdeu ou deixou de aproveitar grandes “esperanças” do futebol menor de Piracicaba, que hoje brilham em outros congêneres. Atualmente isto não lhe acontece, porquanto passou a dar maior apoio aos valores locais e com ótima média de aproveitamento.

Drace, Paulo Farah, Tico Rensi, Foguinho, Cardinalli, Orlando, Luizinho e Zilio, são os reservas imediatos que de um momento para outro serão úteis ao conjunto aivi-negro . Estes mencionados valores representam também a esperança do XV de amanhã. Todos êles compreendem a grande responsabilidade e marcham firme para o “estrelato”. Modestos, cônscios de suas obrigações profissionais, desconhecem a arma mortal na carreira que arriscaram: “a máscara”. O “elenco” não é dos maiores, mas é selecionado. Existe entre seus homens a vontade de vencer, de acertar, de defender com coração e fibra as côres da gloriosa jaqueta alvinegra. O futebol poderá trazer para estes rapazes grandes surpresas, se a dedicação e perseverança neles prevalecerem. Em contrário senso, fluirá a decepção, fria, dura e implacável. Para isto, existem exemplos diversos e muitos jovens que por sua culpa exclusiva deixaram de brilhar, ofuscando-se por completo, caindo então no mudo ostracismo. Não basta, porém, somente, o esforço e a dedicação dos novos valores, é mister que os dirigentes compreendam e auxiliem, em todos momentos. Ou em qualquer transe, estes atletas. A assistência psicológica tem influência decisiva na carreira de cada um.

Aos diretores cabe sempre uma parcela decisiva na carreira do craque, o amparo moral não pode faltar e o incentivo é um caminho aberto para as grandes “largadas” e no esporte bretão, logicamente, ela prevalece com particular intensidade. O torcedor também é, às vezes, o “encerrador” de carreira de muitos jogadores. A crítica deve ser comedida, os apupos representam o “sepultamento'” do esforço ingente de acertar. O primordial é apoiar, é incentivar. E quem não estiver disposto a tanto fique calado, tenha a necessária paciência, porque, melhor que o vaiador, o atleta compreende que precisa acertar. Faça-se presente que os “corneteiros” são elementos decisivos ao futebol. São impertinentes e quando se manifestam contra jogadores e diretores desconhecem seu próprio drama, criando situações desagradáveis entre o público e o atleta.

Entretanto, cabe ao orientador técnico ou treinador o principal papel, de capitalíssima importância. Instruir, tirar defeitos graves, ser companheiro e amigo, fazendo-se respeitado e viver a carreira junto ao seu “pupilo”. Regatear elogios e criticar com severidade e acabar com o “player”, seja velho ou novo, não importa. Da fase embrionária ao estrelato é necessário um trabalho árduo, técnico e dos jogadores. O trabalho de “lapidação” deve merecer especial carinho do “coach”, procurando corrigir os defeitos de ordem tática técnica durante os treinos individuais e coletivos.

Existem preparadores, que procuram corrigir seus submetidos durante as partidas de responsabilidade e daí advem o complexo, o medo de errar, a falta de confiança que põem o time a perder no marasmo contagiante. O futebolista é tão humano como o torcedor, como o técnico, como o dirigente, urge compreendê-lo e fazê-lo compreendido. De uma assistência uma gera-se uma grande equipe, isto em qualquer modalidade esportiva ou em qualquer ramo de atividade humana.

Vamos proporcionar a estes jovens de hoje nossos aplausos, nosso incentivo, para que brevemente estejam perto da consagração final, honrando no desporto a terra m que aprenderam os primeiros “chutes” e enaltecendo o nome de ser clube, elevando o prestígio do futebol de Piracicaba, de São Paulo e do Brasil.”

1 comentário

  1. Rui Fernando Coutinho em 19/10/2014 às 13:58

    Saudade dessa turma que muito honrou as cores alvi-negras do nosso glorioso “Nho Quim”. Sempre é bom lembrarmos que desse grupo juntava-se onze feras para fazer temer os adversários no alçapão da Regente Feijó, o saudoso Estádio Roberto Gomes Pedrosa.

Deixe uma resposta