ESALQ: um século de ciências agrícolas em Piracicaba – (VII)

5) Orquídeas: Brieger usou orquídeas para estudar mecanismos da evolução de plantas silvestres e compará-las aos conhecidos na zona temperada.

6) Essências florestais: J.T.Gurgel, G.Bandel e O .A. Gurgel Filho iniciaram os estudos de Genética e Melhoramento do pinheiro brasileiro, Araucaria angustifolia.

7) Genética de microorganismos: João Lúcio de Azevedo, outro assistente de F. G. Brieger, iniciou no fim dos anos 50, estudos básicos em genética e bioquímica de microorganismos, precursores de outros em Biologia Molecular.

8) Genética de abelhas: Warwick Estevan Kerr, o mais brasileiro dos descendentes de escocês, fez um trabalho clássico sobre evolução das abelhas partindo das melíponas; junto com Erico Amaral, então na Entomologia, deu importante contribuição para o manejo da abelha comum. É o único brasileiro com assento na National Academy of Sciences norte- americana. Companheiro socialista desde os tempos em que éramos alunos, assinou, juntamente com Oscar Sala, meu diploma de medalhista do jubileu de prata da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência.

1.2.5. Produção vegetal

Em Agricultura Especial ( o nome foi mudado depois), ensinava-se e pesquisava-se as chamadas “grandes culturas”. O destaque deve ser dado para Carlos Teixeira Mendes, que pertencia ao clã dos Teixeira Mendes que deu tantos engenheiros agrônomos para o Brasil. Carlos Mendes se especializara na famosa Estação Experimental de Rothamsted, na Inglaterra, e trouxe para sua cátedra a disciplina britânica. Ele e seus assistentes Carivaldo de Godoy Jr. e José Dias Costa se dedicaram particularmente à pesquisa sobre manejo dos cafezais. Um outro dos assistentes de “CTM”, como o chamavam seus alunos, inclusive eu, Dario F. de Souza deu uma contribuição que, na época, foi como um ovo de Colombo: demonstrou , em sua tese de doutorado, que era possível fazer-se adubação verde na cana de açúcar, sem perder um ano: bastava semear Crotalaria juncea ou outra leguminosa depois do último corte, na reforma do canavial.

Contribuições mais recentes são devidas a Francisco Ferraz de Toledo e Júlio Marcos Filho, que instalaram um primoroso laboratório de sementes para ensino, pesquisa e extensão. Nesse laboratório foi desenvolvido um método novo para avaliar a qualidade da bebida do café medindo-se a quantidade de potássio que os grãos verdes perdem em contato com a água. Gil Câmara, Durval Dourado Neto e Antonio L. Fancelli, trabalhando com cereais e leguminosas, incorporaram clima, solo e fisiologia às práticas de manejo de arroz, milho, feijão e soja.

Phillipe Westin Cabral de Vasconcellos deu duas grandes contribuições em sua carreira na ESALQ. A primeira no melhoramento dos citrus – uma variedade tem seu nome, Westin – em que foi ajudado por seu assistente, Heitor W. S. Montenegro. A segunda se refere à teoria e prática da arquitetura paisagista, um mercado em que o engenheiro agrônomo “briga” com o arquiteto. Um outro dos discípulos de Phillipe, Salim Simão, que o sucedeu na cátedra, por seus trabalhos com a mangueira, foi agraciado pelo Ministério da Agricultura com o “cacho de ouro”. Heitor Pinto Cesar deve ser lembrado por seu trabalhos com hortaliças e frutíferas, particularmente no que se refere à poda. Juntamente com Henrique Paulo Haag, que fora meu assistente, Keigo Minami fez um trabalho sobre Nutrição Mineral de hortaliças, que classifico como monumental.

(continua)

Deixe uma resposta