A HISTÓRIA QUE EU SEI (106)

“REPUBLICA SOCIALISTA DE PIRACICABA”
A administração de Adilson Benedicto Maluf encerrava-se de forma atribulada, em meio a grande decepção popular. Os dois partidos políticos – ARENA e MDB preparavam-se para lançar candidatos à eleição municipal, em 1976, quando as principais lideranças políticas e outras que despontavam como promessas haviam desaparecido.

Em Agosto, o Brasil seria atingido pela notícia da morte trágica de Juscelino Kubitschek, em acidente de automóvel na Rodovia Dutra. O país já se assustara, no ano anterior, 1975, com a morte, no DOI-Codi, do jornalista Wladimir Herzog. Em São Paulo, o governador Paulo Egídio Martins se via às voltas com a indignação paulista diante de atrocidades que se cometiam nos porões da ditadura. Nas dependências do mesmo DOI-Codi, morreria, também, o operário Manuel Fiel Filho e o Presidente Geisel exoneraria o Comandante do 1o Exército, General Eduardo d’ Ávilla de Mello. O PROÁLCOOL já estava instalado e, em Piracicaba, o Grupo Dedini vivia um novo alento. A Caterpillar dava início à construção de sua nova unidade no município. A Universidade Metodista de Piracicaba era reconhecida oficialmente pelo Ministério da Educação, sendo o seu primeiro reitor Richard Edward Senn, norte-americano de origem. Nas salas de aula da UNIMEP, porém, contrariando a linha ideológica do Reitor, cresciam sementes de resistência aos governos militares; as esquerdas, de todos os matizes, organizavam-se, aproveitando-se dos espaços que o Presidente Ernesto Geisel começava a abrir com a repetida promessa de “distensão lenta, segura e gradual”. Chamava-se Golbery do Couto e Silva o ideólogo da abertura. A Lei Falcão, no entanto, entrava em vigor, enquanto adiantavam-se as obras da Usiminas, de Itaipu, da Açominas. Na Argentina, o golpe militar: era deposta Isabelita Perón e tomava o poder, em nome dos militares, o general Jorge Rafael Vilela. Morria, na China, o líder Mao Tse Tung.

Com o governo de Paulo Egídio Martins, a ARENA de Piracicaba deu uma guinada e, por amizade pessoal antiga que eu mantinha com o deputado federal Raphael Baldacci Filho, envolvi-me ainda mais nas relações políticas, tendo trânsito fácil e livre no Governo de São Paulo, onde estavam outros amigos meus, como Adhemar de Barros Filho e Wadi Helu, deputados guindados aos cargos de Secretário de Estado. Novamente – e por insistência do Governador Paulo Egídio Martins, que passou a prestigiar-me pessoalmente – aventou-se a hipótese de minha candidatura à Prefeitura Municipal, que, novamente, recusei. Mantinham-se, ainda, as sublegendas e a ARENA já tinha dois candidatos: o vereador Jairo Ribeiro de Mattos, apoiado pela Câmara Municipal, e o também vereador Benedito Fernandes Faganello, apoiado pelos remanescentes “guidotistas”, agora em fase final de extinção. Sobrava a terceira legenda, que era nossa. Aconteceu, então, que o E.C.XV de Novembro, sob o comando de Romeu Ítalo Rípoli, chegou, com um grande time, à decisão pelo título do Campeonato Paulista de Futebol. Em meio a grande euforia popular, o “Nhô Quim” sagrava-se Vice-Campeão Paulista de Futebol, primeiro clube do Interior a chegar a tal posição em São Paulo. A popularidade de Romeu Ítalo Rípoli cresceu de maneira impressionante. E lançamos a sua candidatura a Prefeito, para completar a chapa da ARENA. Pesquisas de opinião davam Romeu Ítalo Rípoli como imbatível.

• CONTINUA

Deixe uma resposta