A HISTÓRIA QUE EU SEI (127)

A outra vez de Adilson
Adilson Benedicto Maluf tomou posse como prefeito pela segunda vez, no dia 1º de Fevereiro de 1983, para um mandato de seis anos. Será cedo para analisar-se se a prometida paz política que ele propusera a Piracicaba realmente aconteceu: se era realmente paz, se foi, conforme João Herrmann Neto retrucara, “a paz dos cemitérios”. A realidade, porém, é que não houve conflitos, não aconteceram tumultos, era um outro estilo de administração e de fazer política o que aconteceu em Piracicaba nesse período. Houve circunstâncias que possibilitaram esse período de relativa tranquilidade, especialmente se considerado em relação à anterior passagem de Adilson Maluf pela Prefeitura e à de João Herrmann Neto. A primeira delas foi o comportamento da imprensa. O “Jornal de Piracicaba”, desde o primeiro momento, colocou-se ao lado da administração de Adilson Maluf, numa posição de cordialidade tal que, quando o jornalista Losso Neto veio a falecer em Janeiro de 1985, Adilson Maluf deu-lhe o nome ao Teatro Municipal Por seu lado, “O Diário” – que eu vendera em 1983 ao Grupo Dedini e tendo o advogado João Ribas Fleury em sua direção manifestava o seu apoio e cobertura a nova administração municipal, a ponto de, em certo período. o seu editor, jornalista Nelson Bertollini, ser, ao mesmo tempo e também, o principal assessor de imprensa do prefeito. O que, na realidade, os “conservadores” precisavam enfrentar e exumar eram a liderança e a influência política de João Herrmann Neto na cidade, fortalecido pelo trânsito fácil que passaria ele a ter junto ao governo federa I durante o governo de Jose Sarney – e também junto ao Governo de São Paulo, com Franco Montoro. Por outro lado, mais experiente e amadurecido, o Prefeito Adilson Maluf conseguira manter maioria, ainda que pequena, na Câmara Municipal, elegendo seu correligionário Braz Rosilho, presidente da Câmara (biênios 1983/85 e 1987/89), bem como outro correligionário e parente, Adalberto Felício Maluf (1985/87). Um dos principais líderes do prefeito, na edilidade, passou a ser o vereador José Ignácio Mugão Sleimann, com seu temperamento hormonal e explosivo, responsável por debates e discussões momentosas com a vereadora Adéli Bacchi de Moraes e Silva, uma das vozes mais críticas à administração municipal.

Ocorria, no entanto, que as transformações porque passara Piracicaba eram, já, estruturais. Os movimentos populares e as organizações de bairros eram lima nova realidade, influente e ativa, respaldados pela UNIMEP onde encontravam apoio, estímulo e cobertura. Ao mesmo tempo, o PT cujas lideranças principais, intelectuais, também estavam na UNIMEP – já se mostrava, também uma força viva e atuante, representado na Câmara Municipal pelo vereador Isaac Jorge Roston Júnior. Mas Adilson Maluf, no propósito de minar a liderança de João Herrmann Neto, buscou, logo ao início de sua administração, minar a/organizações populares, incluindo os CEPECs e centros comunitários. Foram, assim, os movimentos e organizações populares, sob a proteção da UNIMEP – e especialmente o Movimento dos Favelados – as principais e mais atuantes forças de oposição ao Prefeito Adilson Benedicto Maluf em seu novo mandato.

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