A HISTÓRIA QUE EU SEI (128)

Política hermética
Também na segunda administração de Adilson Benedicto Maluf, Piracicaba não tinha projetos ou propostas que pudessem ou viessem a equacionar os graves problemas que o município vinha enfrentando, sua visível e comprovada decadência econômica. As metas prioritárias do prefeito eram, primeiramente, esvaziar a liderança política de João Herrmann Neto e, ao mesmo tempo, reorganizar as finanças do município, que estava endividado e em situação quase caótica. Como vinha acontecendo desde o governo de Salgot Castillon, fazia-se, novamente, uma reformulação administrativa, cercando-se Adilson mais de engenheiros do que de políticos. Retomavam à administração municipal Frederico de Moraes Nobre, Sady Previtalli, Antonio José Lázaro Aprilante, João Basílio, Antonio Mauro Ferraz Negreiros, Euclécio Boscariol. Para as finanças, promovia-se um competente funcionário, Antonio Barrichello, que, junto com Luiz Matiazo, haveria de ser um dos pilares da nova administração. Nomes novos: Rogério Vidal, para a Agricultura e Abastecimento, uma preocupação marcante do vice-prefeito Antonio Fernandes Faganello; José Flávio Leão, Antonio Roberto Diehl. E, para o comando da Guarda Municipal, o militar, agora na reserva, Alfredo Mansur.

Repetia-se, com Adilson Maluf, o mesmo estilo de administração iniciado com José Vizioli e que tivera seu maior brilhantismo com Luciano Guidotti: a feitura de obras, a pouca sensibilidade para o social. Tratava-se de uma política hermética, fechada, inclusive, aos ventos que sopravam sobre o país. E tanto assim foi que, em 1984, quando todo o Brasil se manifestava em apoio às eleições diretas para a presidência da República – as “diretas já” – Piracicaba não assistiu a qualquer manifestação relevante. No governo de São Paulo, estava André Franco Montoro, a cuja administração Piracicaba passou a dever a realização de grandes obras, muitas das quais, como a construção da Rodovia SP-304, Rodovia Luiz de Queiroz, eram aguardadas há muito tempo. Foi nesse momento que valeram a grande experiência e a influência do deputado João Pacheco e Chaves, agora de retorno às áreas de decisão. Pois passou a ser João Pacheco e Chaves o principal interlocutor de Piracicaba junto ao Governador André Franco Montoro, de cujo governo foi Secretário de Cultura, sendo responsável, assim, pela abertura de portas do governo estadual à administração de Adilson Benedicto Maluf.

Quando das movimentações pelas “diretas já”, Piracicaba – que se havia notabilizado em todo o país por suas campanhas em prol da anistia, pelos congressos da UNE, pelas grandes reivindicações nacionais – mostrou-se como que anestesiada. A campanha pelas eleições diretas para Presidente da República começou tímida. Era uma emenda do deputado Dante de Oliveira. A princípio, apenas o PT foi às ruas. A pouco e pouco, porém, transformou-se num movimento nacional. Os comícios começaram a sacudir o país. Foram um milhão de pessoas no Rio de Janeiro; em São Paulo, um milhão e meio. O povo gritava: “Diretas já”. Mas a emenda foi derrotada no Congresso Nacional, dando margem a que o PMDB, aproveitando-se do movimento popular, criasse respaldo para a indicação de Tancredo Neves, por meio do Colégio Eleitoral, à presidência da República. Para se avaliar o marasmo de Piracicaba, foi, novamente, a UNIMEP quem comandou a movimentação, apoiando-se, em Brasília,junto ao deputado João Herrmann Neto. No dia da votação da Emenda Dante de Oliveira, a UNIMEP instalou uma linha direta telefônica no gabinete de Herrmann Neto em Brasília e, através dela, comunicava ao povo, através de alto-falantes, o encaminhamento da votação.

O poder passava, novamente, pela Chácara Nazareth, na moderação e no espírito conciliador de João Pacheco e Chaves. Foram tempos de moderação até o ano de 1985, quando nova crise explodiu dentro da UNIMEP, com a forte oposição que se levantou contra o Reitor Elias Boaventura. O Prefeito Adilson Benedicto Maluf silenciou, omitindo-se, e deixava espaços abertos para a atuação de João Herrmann Neto junto à Universidade, num contraste flagrante de estilos e percepção políticos.

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