A HISTÓRIA QUE EU SEI (LXIV)

Problemas de D’Abronzo
Se, em fevereio de 1968, Humberto D’Abronzo tinha, segundo o IBOPE, a preferência do eleitorado, por que desistiu, ele, de sua candidatura, abrindo um vazio profundo no “guidotismo” em Piracicaba? Os problemas foram financeiros e fiscais. Em 1967, a fiscalização do Imposto de Renda vasculhou a vida pessoal e as empresas de Humberto D’Abronzo. Suas demonstrações de riqueza e de poder haviam alcançado dimensões nacionais. Humberto torna-se, por causa do XV de Novembro – e, como que por simbiose, por causa da “Tatuzinho” – um homem com popularidade nacional. A fiscalização do Imposto de Renda acabou visitando-o e, até hoje, não há quem confirme ou que negue tenha sido, aquela, medida de ordem política. Houve e há duspeitas de uma “intervenção política” nos negócios de Humberto, mas nunca ninguém o provou. Fica o registro. Aconteceu, porém, que as atividades de Humberto D’Abronzo e da própria “Tatuzinho” começaram a entrar em crise. Tratava-se de um poderoso senhor piracicabano que conhecia graves e profundas dificuldades financeiras. E D’Abronzo havia, como se sabe, investido grande fortuna no E.C.XV de Novembro. E sua ambição, até antes de o Imposto de Renda enquadrá-lo em deficiências fiscais, era ser prefeito de Piracicaba, o candidato querido e desejado de Luciano Guidotti, com alto índice de popularidade. Maiores, porém, do que as ambições políticas de Humberto, eram as suas dificuldades com o Imposto de Renda, os problemas financeiros que se iam acumulando.

Aconteceu, então, o que ninguém, também, até hoje, consegue explicar com clareza: Humberto D’Abronzo acabou contratando o escritório dos filhos do deputado Herbert Levy – um dos mais radicais e reacionários líderes da UDN, e amigo pessoal de Salgot Castillon – para cuidar de seus problemas junto ao Imposto de Renda. Na prática, tratava-se de levar, às hostes inimigas, um problema vital. Ninguém sabe porque D’Abronzo o fez, mas ele o fez: o escritório advocatício de um adversário em potencial passava a cuidar de seus problemas fiscais e tributários e, portanto, econômicos e financeiros. Há três hipóteses para que os historiadores estudem, hipóteses ventiladas naqueles dias: D’Abronzo foi esperto, indo ao escritório de um dos homens mais próximos dos militares que estavam no poder, Herbert Levy; foi ingênuo, indo ao terreno de um adversário potencial; foi pressionado.

O fato é que a ida de Humberto ao escritório de Herbert Levy – onde os filhos deste cuidavam de tais assuntos – acabou, também, por ser decisiva aos destinos de Piracicaba.

*CONTINUA

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