A HISTÓRIA QUE EU SEI (XCIV)

1972, agonia
A administração de Homero Paes de Athayde praticamente não existiu. Era um homem simples, agradável, com fácil penetração popular, mas chegara ao poder já submetido aos compromissos com o “guidotismo”, sob forte pressão política, num clima de rancores e mágoas que haviam sido detonadas. Homero Athayde limitou-se a dar continuidade às obras iniciadas pelas administrações de Salgot Castillon e de Cássio Padovani, diante de uma cidade traumatizada pela série de dramas e tragédias que haviam abalado as suas estruturas políticas. A Prefeitura, na verdade, estava sob o comando de João Guidotti que conseguira, para dar governabilidade a Homero Paes de Athayde, que Lázaro Pinto Sampaio permanecesse no comando das finanças do município, fato que causou ainda maiores rompimentos dentro da ARENA. Na Presidência da Câmara, elegia-se o vereador Gustavo Jacques Dias Alvim, preenchendo a vaga deixada com a ascensão de Homero Athayde à Chefia do Executivo.

O Prefeito Homero Athayde não conseguiu qualquer notoriedade, a não ser pela instalação dos parquímetros – máquinas que funcionavam com moedas, para estacionamento de veículos – que causou grandes discussões, terminando, alguns anos depois, em ação judicial contra a Prefeitura, e da concessão do hotel municipal – que viria a chamar-se “Beira Rio – para Antonio José Martins. Nessa administração, destacou-se o engenheiro João Chaddad, elaborando uma proposta de transformação urbana da cidade e projetando, como Secretário de Obras da administração, as primeiras praças de circulação giratória. E foi em seu período, também, que, novamente, se voltou ao assunto da instalação da Caterpillar em Piracicaba.

Em poucos meses, a morte de Cássio Paschoal Padovani era esquecida pelos políticos que passavam a girar em tomo da influência de João Guidotti. A ARENA tomava-se definitivamente “guidotista”, mas dividida, rachada, sem lideranças populares. E o MDB, mesmo tendo dois deputados – Francisco Antonio Coelho e João Pacheco e Chaves – ainda não era um partido com os fortes apelos populares que passaria, em breve, a ter.

João Guidotti, com o total controle do partido, queria ser, novamente, candidato à Prefeitura de Piracicaba. Aparentemente, não tinha competidor, mesmo porque o MDB lutava com grandes dificuldades para compor a sua própria chapa, visto o surgimento do sistema de sublegendas nos dois partidos políticos, que podiam chegar ao limite de três. O MDB tinha apenas um candidato, o vereador Jorge Antonio Angeli, cuja popularidade era crescente. Para colaborar com o partido, o ex-deputado Bento Dias Gonzaga aceitou ser candidato por outra sublegenda emedebista, consciente de que não tinha qualquer chance. NA ARENA, João Guidotti insistia em sua tese que, na realidade, era uma decisão pessoal: seria o candidato único e ganharia as eleições sozinho, um erro estratégico que levaria ao esfacelamento final da ARENA e, também, ao fim do “guidotismo” em Piracicaba.

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