D. Aniger Francisco Maria Melilo

Foi o segundo Bispo Diocesano de Piracicaba, substituindo Dom Ernesto de Paula. Nasceu em Campinas/SP em 27 de junho de 1911, foi ordenado padre em 31 de dezembro de 1933 por Dom Francisco de Campos Barreto, na Catedral de Campinas. Como padre sua primeira nomeação foi de Vigário Cooperador em Piracicaba, tendo sido anteriormente coadjutor na Matriz do Carmo de Campinas. Como vigário cooperador, trabalhou com o mítico Monsenhor Manoel Rosa, vigário da então Matriz de Santo Antônio. Foi reitor do Seminário Diocesano de Campinas por quase 13 anos. Sagrado bispo em 29 de junho de 1960, tomou posse na Diocese de Piracicaba em 15 de agosto do mesmo ano.

A vinda de D.Aníger Melilo a Piracicaba foi cercada de expectativa em virtude de acontecimentos anteriores, nunca claramente explicados, que redundaram na renúncia do primeiro bispo, D.Ernesto de Paula, personalidade de conservadorismo extremado, com grande influência junto às lideranças piracicabanas, incluindo lideranças políticas. Ao contrário de D.Ernesto, D. Aníger Melilo nada tinha da imagem de “Príncipe da Igreja”, surpreendendo por sua humilade e irresistível espiritualidade. Uma de suas primeiras decisões foi no sentido de “rejuvenescer” a Igreja da Diocese, acolhendo noviços e padres recém-ordenados, entre eles alguns que seriam personalidades marcantes na vida de Piracicaba: José Maria Teixeira, José Maria de Almeida, Walmor Mendes, Otto Dana, Luiz Simioni.

D.Aníger Melilo foi o bispo da “Primavera da Igreja” também em Piracicaba, ou especialmente nela, pois, sob seu episcopado, os documentos do Concílio Vaticano II foram vivenciados de maneira audaciosa na Diocese, com a forte inclusão de leigos que se sentiram imantados pela abertura da Igreja para o Mundo, conforme se anunciava à época. D.Aníger soube proteger estudantes, intelectuais e operários quando, no golpe militar de 1964, foram, eles, perseguidos pela violência política, tornada ainda mais aguda por força das disputas provincianas. Em Piracicaba construiu o seminário da Nova Suíça, a Faculdade de Serviço Social, em 1963, o Colégio Comercial Imaculada Conceição, em 1964, o Cemitério Parque da Ressurreição, em 1971, além da criação de doze paróquias e da ordenação de quatorze padres.

O papa João Paulo II aceitou seu pedido de renúncia em 11 de janeiro de 1984 permanecendo como bispo emérito, quando assumiu a diocese, como adminstrador apostólico, o bispo Eduardo Koaik. Faleceu em 17 de abril de 1985 em São Paulo, no Instituto do Coração e está sepultado na cripta da Catedral de Santo Antonio de Piracicaba.

D. Aníger ficou especialmente conhecido pelo apoio que deu aos movimentos de leigos e em especial ao Cursilho de Cristandade,do qual foi diretor espiritual para todo o Brasil, nomeado pela CNBB. Em seu episcopado, floresceram de maneira especialíssima também os movimentos de juventude, de casais e a devoção à Virgem Maria.

*Claudinei é piracicabano e historiador.

1 comentário

  1. J. Luiz em 24/03/2013 às 11:04

    Gostei do tótpico. Conheci e convive com o "Bispo" como assim o chamava por cinco anos. Durante a minha infancia ficaba na casa lá na Rua Governador P. de Toledo, 454. Foi ele quem pagou minhas aulas de "Datilografia", e foi ele quem me dava alguns trocados pra comprar sorvete quando lavava seu fusca (uma cor vinho..??).
    Tenho saudades deste tempo.

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