Janu, talento excepcional reconhecido

[este texto foi originalmente publicado no jornal impresso “A Província”, edição de outubro / 1998]

foto Janu

Janu, em concerto regido pelo maestro Ernst Mahle.

Quantos, na vida artística, poderão ter o privilégio de transitar entre o popular e o clássico, empolgar adultos e jovens, ser aplaudido em teatros lotados, catedrais e até mesmo em salas de aula? Ao que parece, Piracicaba possui um destes mistérios que parecem nascer apenas em alguns poucos lugares, raras vezes em cada século. Marco Antonio Januário, o Janu, senhor de uma das mais belas vozes que Piracicaba já conheceu e que o mundo se viu privado de ter conhecido mais intimamente — e não cabe a nós discutir as razões de sua opção por permanecer apenas por aqui — conseguiu, mais uma vez, no último final de semana esta unanimidade.

Força maior do show “Falando da vida”, que se realiza há treze anos no Teatro Municipal, Janu deu o tom de individualidade e talento que jogava a apresentação para cima, em cada um dos momentos em que invadia o palco. Este, talvez, o segredo que, nesta montagem do “Falando da vida”, tenha sido menos explorado e, por consequência, tornando-a mais asséptica e menos emotiva. Com arranjos belíssimos, um grupo de alta competência, o show vem se ressentindo de outros talentos como o de Janu, fato menos marcante no passado. E eram exatamente os momentos individuais que davam às apresentações a capacidade de envolver plateias jovens não apenas no cantar em coro as melodias que lhe eram familiares, mas, principalmente, em momentos de rara beleza que, em outras situações, poderiam ser taxadas de piegas.

Do show, além de Janu, a se ressaltar também a belíssima — e também capaz de trazer à platéia o dado da emoção — performance de Carlos ABC, certamente uma das melhores aquisições do grupo nos últimos anos.

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