O nadador Dito Polenta

O texto foi publicado em setembro de 1988 no semanário impresso A Província. Recuperamos para marcar os 50 anos de atuação na cidade.

Escola de natação ele nunca teve; há 40 anos, não existia isso pelo menos em nível local. Então por si só ele aprendeu a nadar na raça dando braçadas no rio Piracicaba, naquela época em que a molecada “em peso’ se refrescava naquelas limpas águas doces.

“Tinha até um trampolim que ficava na frente do Regatas; ali era o encontro da brincadeira, da diversão. Dava gosto nadar no rio — a água era limpa e gostosa. Pra você ver: quando a gente sentia vontade de beber água, tomava dali mesmo”.

Dito Polenta, ou simplesmente Polenta, foi um dos nadadores mais conhecidos da cidade na década de 50. Representava Piracicaba em muitas competições paulistas e brasileiras. Levando o nome do País foi o quarto colocado na travessia de um canal europeu: de Capri a Nápoles.

Por frequentemente nadar na Rua do Porto e já ser conhecido nos meios esportivos por jogar basquete, Dito Polenta foi convidado a fazer parte da primeira equipe de natação da cidade. Junto com ele, Jair Godoy, Jatir Godoy e João José Julio também foram chamados. Só aconteceu em 1955 com a inauguração do Clube de Campo. Trouxeram para cá o técnico Bruno, de Rio Claro, um ótimo nadador”.

‘Aprendemos com ele as técnicas de como deveríamos nos colocar em competições. Até então sabíamos nadar, mas só por brincadeira e não entendíamos nada de regras”, explica ele. “Nadávamos somente no rio e nadar em piscina era outra estória. A água da piscina é mais pesada, mais dura; é água parada e não éramos acostumados”.

PRIMEIRA COMPETIÇÃO

Incentivado pelo técnico, Dito Polenta arriscou a fazer sua primeira participação em competição, logo no início de seus treinos no clube. “Foi em São Paulo no Parque da Agua Branca, disputa do Troféu Bandeirantes”, se recorda. A prova era a dos 400 metros livres, e ele chegou• na quarta posição, uma boa colocação se não tivesse apenas cinco nadadores competindo. “Só que os caras eram o Sidney Gavioli, de Porto Alegre, campeão Sul Americano; e Manoel dos Santos recordista mundial dos 100 metros, e Dalterly Guimarães, campeão paulista.

“Eu só fiquei sabendo disso no final da prova. Quando eu completei os 400 metros, percebi que os três nadadores estavam fora da piscina, já tinham se enxugado e estavam dando entrevista para a TV”. Continuando, Polenta conta ter ficado tão bravo com o resultado, que deixou de lado seu ganha pão por um mês — era motorista de caminhão. “Não entendia como havia ficado em quarto lugar, não acreditava. Durante 30 dias eu passei a treinar direto, de manhã e à tarde, para conseguir fazer um tempo que desse para manerar. Foi ai que passei a encarar a natação como algo sério na minha vida realmente”.

Dito Polenta, conhecido nas competições por Benedito Bráz, seu verdadeiro nome, diz que um nadador somente consegue se firmar no esporte depois de cinco/seis anos de treinos diários. “Foi o que aconteceu comigo pelo menos”. Suas provas favoritas — nas quais obtinha bons resultados era a dos 1500 metros livres, 1800 metros livres, 400 metros• livres e nos 200 metros de peito, hoje conhecido como nado clássico. De 1957 a 1960 foi o auge da carreira do nadador, mas 10 59 foi o ano de seus grandes títulos.

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