Os ÂLCANTARA MACHADO, Brasílio e José

Nome mais familiar às novas gerações como vinculado ao mundo da publicidade e da propaganda, os Âlcantara Machado, Brasílio Augusto e o filho José, vinculam-se a outras histórias nacionais e, também a Piracicaba, embora elas sejam desconhecidas à grande maioria dos piracicabanos.

Brasílio Augusto Machado de Oliveira é o autor do poema “Piracicaba”, de onde se originou o nome “Noiva da Colina” e, também, a imagem “véu da Noiva”. Ao contrário do que muitos afirmam, “véu da Noiva” não é a queda d’ água próxima ao Mirante, mas o “manto de neblina” que Brasílio Machado comparou a um véu.

Ele nasceu em São Paulo, em 1848 e formou-se na Faculdade de Direito em 1872. Em Piracicaba, foi promotor público, cargo que também ocupou em Casa Branca, onde advogou. Contemporâneo de acadêmicos como Rui Barbosa, Castro Alves, Rodrigues Alves, Afonso Pena, foi como membro do Partido Liberal que desenvolveu intenso trabalho pela abolição dos escravos e chegou a presidente da Província do Paraná. Mas dedicou um outro lado de sua existências às artes, publicando vários livros de poemas e sendo eleito o primeiro presidente da Academia Paulista de Letras.

O filho, José de Alcântara Machado de Oliveira, nasceu em Piracicaba, em 1875, estudou em Campinas e, depois, diplomou-se também pela Faculdade de Direito de São Paulo em 1893. Nesta Instituição, foi professor ao mesmo tempo que o pai, embora mais direcionado à área de Medicina Legal e Higiene Pública. Na vida acadêmica, galgou todos os postos, chegando a catedrático, vice-reitor e reitor das Arcadas entre 1931 e 1935. Foi, também, diretor da Faculdade Paulista de Letras e Filosofia e vice-presidente do Congresso de Ensino Jurídico de 1927.

Mas, à semelhança do pai, voltou- se também à política e às artes. Em 1911, já se elegera vereador por São Paulo e, em 1915, deputado. A caminhada prosseguiu com sua eleição como senador em 1935. Também como o pai, voltado à literatura, Alcântara Machado foi membro da Academia Paulista de Letras e da Academia Brasileira de Letras, onde assumiu a cadeira 37, e, após a morte de Amadeu Amaral, assumiu a presidência. As obras que o levaram a tal posto voltaram-se tanto à área jurídica como biográfica.

Entre elas, a de maior expressão foi “Vida e morte do bandeirante”, assim descrito pela crítica de Levi Carneiro: ” na obra vibra toda a sua sensibilidade, o seu regionalismo, o seu patriotismo. É, em certo sentido, trabalho de advogado: só um advogado saberia examinar, como ele examinou, os inventários processados num dos cartórios dessa cidade, na segunda metade do século XVI e no século XVII, através da publicação feita pelo Arquivo Estadual. Encobrem o labor do técnico desenrolando o panorama da vida social neste trecho do Brasil colonial, o bom-gosto, o primor da expressão , o encadeamento dos quadros”.

Ambos compõem verbetes do Dicionário Literário Brasileiro, de Raimundo Menezes, do qual foram extraídos os principais dados do texto acima.

O poema Piracicaba

(Trecho, de Brasílio A. Machado de Oliveira.)

…”Sacode os ombros nus, ó

Noiva da Colina

Que a luz da madrugada

encheu o lago céu

E arranca-te das mãos o manto

da neblina,

Que ondula sobre o rio, enorme

e solto véu…

Ergue-te, ó Noiva! A aurora

acorda e orvalha os ninhos,

Beija o vasto horizonte e a

pequenina flor:

Levantam-se no espaço, em

bandos os passarinhos,

Descem de além, frescura,

luz e paz e amor…

… o Rio é tem amante.

Irrompe entre colinas,

Como o jaguar que avista

a companheira e vai…

Mas vendo-te , ao chegar,

quão bela te reclinas,

Estaca de repente, e a fúria o

arroja e cai!…

… E o dorso bate à pedra,

enraiva-se a torrente

Que em cascatas do trono erguido

resvalou

E salta a espuma branca, em

chuva alvinitente

Onde o íris do céu em

curva se formou…”

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