Piracicabanos e ministros

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Desde o Império, Piracicaba cedeu personalidades ilustres ao Brasil, nem sempre nascidos aqui. Basta citar o luso-brasileiro Senador Nicolau de Campos Vergueiro, com sua influência nacional. E Prudente de Moraes e os Moraes Barros na criação e consolidação da República.

Em 2002, um piracicabano, Barjas Negri, tornou-se Ministro da Saúde, substituindo José Serra, anterior titular , que se apresentou como candidato a presidência da República, e do qual ele era auxiliar. Essa indicação fez relembrar os piracicabanos que anteriormente foram Ministros da República brasileira, a partir pelo menos de 1930. Dois deles, ressaltaram-se: Francisco de Castro Neves, no governo de Jânio Quadros, escolhido como Ministro do Trabalho, e Hugo de Almeida Leme, Ministro da Agricultura, no governo militar de Castello Branco.

O que poucos sabem, no entanto, é que Paulo de Moraes Barros – sobrinho de Prudente de Moraes – também foi ministro brasileiro, ainda que por poucos dias. Em seguida um breve histórico deles:

Francisco Carlos de Castro Neves – nascido em 25 de abril de 1914, filho do influente médico e político, dr. Samuel de Castro Neves. Chico Castro Neves, como era conhecido, formou-se em Direito, no Largo São Francisco, em 1914. Filiou-se ao PTB, ao final do Estado Novo (1935-45) e elegeu-se deputado estadual em 1947. Atuou como jornalista e, a pedido de Getúlio Vargas, dirigiu o jornal “A Noite”, de São Paulo, tendo participado, também, da criação do jornal “Última Hora”, no Rio, do qual foi diretor- adjunto. Teve grande atuação política junto às esquerdas brasileiras, com destaque a seus vínculos com os paulistas Jânio Quadros e Carvalho Pinto, de cujos governos estaduais participou. Com a eleição de Jânio Quadros à Presidência(1960), foi indicado Ministro do Trabalho em janeiro de 1961. No ministério, foi um dos que propugnaram a favor da separação dos sindicatos da tutela estatal.

Hugo de Almeida Leme – piracicabano nascido em 24 de outubro de 1917. Estudou no Colégio Piracicabano e se formou pela ESALQ, da qual se tornou catedrático em 1944 e seu diretor, em 1960. Com o movimento militar, foi chamado a ser Ministro da Agricultura ao início do governo Castello Branco, em 11 de junho de 1964. Participou dos debates sobre a reforma agrária e, juntamente com Roberto Campos, das diretrizes da política de desenvolvimento agrícola do plano de desenvolvimento do governo (PAEG). Hugo Leme intensificou o uso de adubos no País, com apoio da USAID, estimulou o crédito rural com a ajuda da “Aliança Para o Progresso”, programa norte-americano da época. Foi em sua administração que surgiu o Estatuto da Terra, que provocou grande reação dos conservadores brasileiros. Com Hugo Leme, o Brasil, através da política governamental, adquiriu grande quantidade de arroz, milho e amendoim e, com a grande safra de 1965, houve dificuldades de armazenamento. Após a crise do AI-2, em 1965, Hugo Leme deixou o Ministério, substituído por Nei Braga.

Paulo de Moraes Barros – À sua biografia, este Memorial/Almanaque II dedicará espaços especiais. Era filho do Senador Manuel de Moraes Barros e sobrinho de Prudente de Moraes, nascido em 16 de junho de 1866. Até o advento da Ditadura Vargas, foi figura ímpar na política brasileira. Apoiou a candidatura de Vargas contra Júlio Prestes, como líder do Partido Democrático. Com a derrota de Getúlio e a deposição de Washington Luiz, a junta governativa nomeou Paulo de Moraes Barros para assumir dois ministérios: o da Viação e Obras Públicas e o da Agricultura, Indústria e Comércio. Com a posse de Getúlio Vargas, continuou nos dois ministérios até o final de novembro de 1930. Em seguida, tornou-se opositor de Getúlio.

 

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