Thales Castanho de Andrade, 130 anos (6)

Lembrando Thales e, em especial, da “Flor de Ipê”

De São Paulo para Piracicaba, passando por Caieiras e Campinas, Thales Castanho de Andrade, beletrista encantado, tinha pronta a história… só faltava escrevê-la.

A Literatura Infantil, como seguimento bem conduzido e explorado, torna-se Expressão de Encantamento, levando-nos à verdadeira paixão pelos livros.

Ao ler o artigo da amiga Ivana Maria França de Negri, lembrei-me de que possuo a cópia de um primoroso conto de amor escrito por Thales Castanho de Andrade, por volta dos anos cinquenta. A pequena e singela história nasceu durante uma viagem que fez com um casal amigo. A distância entre São Paulo e Piracicaba, com paradas em Caieiras e Campinas para descanso, ofereceu aos viajantes, naquela época, paisagens maravilhosas, cenários de um território muito florido sobre campos verdejantes, quantidade considerável de espécies nativas e matas ciliares que desempenham papéis importantes no ecossistema, infelizmente muito exploradas e danificadas… Podemos imaginar o grandioso panorama de outrora…

Bem, no trajeto final da agradável viagem, após uma prosa frutuosa, perguntou a senhora Bertha ao amigo Thales, se o passeio não lhe havia inspirado uma nova história para sua coleção de livros infantis “Encanto e Verdade”… Este lhe respondeu prontamente: – ”Sim, a história está pronta, à qual já dei o nome; vou chamá-la ‘Flor de ipê’! Só não está escrita ainda… Posso contá-la agora mesmo.” E, como exímio e inspirado escritor, iniciou a narrativa da história recém nascida, para deleite e alegria dos amigos.

Conheci o referido livro, do qual tenho uma cópia, através de uma saudosa professora, minha amiga do Rotary dos velhos e saudosos tempos, a quem o autor presenteou com um exemplar, estendendo a ela, a bela e significativa dedicatória original escrita à senhora Bertha, a amiga da viagem, responsável pela impressão e lançamento do mesmo, como oferta generosa ao querido amigo Thales. Ao receber um exemplar, admirou-se contente e desejou expressar sua gratidão pela amizade e dedicatória à sua pessoa. Como complemento, a fim de homenageá-lo ainda mais, ela e o esposo encaminharam, na época, uma contribuição anual, no valor dos proventos do livro, ao Lar dos Velhinhos de Piracicaba, cidade natal do autor, que assim ficou constituída: “Contribuição Prof. Thales Castanho de Andrade”.

Como feliz leitora, apreciadora da boa Literatura, ao finalizar meu relato devo acrescentar que ‘Flor de ipê’ provocou, em minha “alma menina”, apaixonada que sou pelo campo e vivência campestre, uma fidedigna emoção juvenil. Surpreendi-me com o fato; foi deveras gratificante e realizador tal sentimento. A meu ver, ao manusear e reler o cativante antigo compêndio e escrever este artigo, posso afirmar ter descoberto várias histórias de amor, divinamente fraternas.

A história publicada neste volume leva todos à apreciação da beleza do assunto e o sentimento de brasilidade do autor. Por coincidência feliz e como para enaltecer o sentido da história, o ipê amarelo, por decreto recente, foi proclamado “Flor Nacional do País! [São Paulo, agosto (mês dos ipês) de 1956. Bertha Moraes Weiszflog]

*Maria de Lourdes Piedade Sodero Martins é pedagoga e professora aposentada.

[texto publicado, originalmente, no caderno especial produzido pelo jornal “A Tribuna Piracicabana”, em comemoração aos 130 anos de nascimento do escritor piracicabano Thales Castanho de Andrade – considerado o pioneiro da literatura infanto-juvenil brasileira]

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