Torquato da Silva Leitão (I) – 1810-1869

Dr. Torquato da Silva Leitão era português de Lisboa onde nasceu a 11 de Junho de 1810. Formou-se em Medicina pela Universidade de Coimbra. Transferindo-se para o Brasil, veio residir em Piracicaba, então Vila Nova da Constituição, no início do ano de 1845, juntamente com seu irmão Jeronimo da Silva Leitão, “o primeiro querendo curar, e o segundo exercer a profissão de boticário”.

Em Sessão Ordinária da Câmara Municipal, de 8 de janeiro de 1845, “o senhor Cunha indicou que esta Câmara passe a exigir de Torquato da Silva Leitão o título ou títulos que tem para poder curar; exigindo-se igualmente do mesmo os documentos que comprovem ter sido examinado perante as Faculdades de Medicina do Rio de Janeiro e Bahia, por ser ele estrangeiro e não poder exercer arte de curar embora munido de carta de aprovação obtida em escola estrangeira sem ter passado pelo exame necessário do artigo 14 da lei de 3 de outubro de 1832. Assim mais indico que igual ofício se dirigisse ao irmão, Jeronimo da Silva Leitao, que exercia funções de Boticario por achar-se compreendido nas disposições do artigo citado marcando-se a um e outro a Sessão de amanhã para apresentação de tais documentos e títulos. Passo da Câmara oito de Janeiro de 1845. João da Cunha Raposo. Foi aprovado”.

Na Sessão do dia seguinte “Leu-se os ofícios de Torquato da Silva Leitão e de seu irmão Jeronimo da Silva Leitão. A Câmara deliberou, que se exigisse de novo os documentos ou títulos na forma da deliberação de ontem a respeito estranhando-se-lhe que um estrangeiro se atreva a menos cabar as determinações da Lei como se vê de seus ofícios”.

E, finalmente, em Sessão Ordinária de 10 do mesmo mês, “leu-se dois ofícios de Torquato da Silva Leitão e de seu irmão Jeronimo da Silva Leitão entrando em discussão. O senhor Cunha indicou que se deveria remeter ao Senhor Delegado desta Villa os ofícios recebidos… Os mesmos ofícios além de mofarem das determinações da Câmara ainda patenteião não possuírem título algum legítimo sendo que um e outro tem gravado o povo com contribuições… Ao Senhor Delegado para dar as providencias que a lei recomenda!”.

A Câmara dos vereadores se precavinha contra possíveis charlatães. Já na Sessão seguinte visava o marceneiro João de Tal e João Jeronimo que “andavam pelos subúrbios da Villa usando das artes de curar dando doses que podem matar. Ou mostrassem seus documentos ou a polícia entraria em cena”.

Entretanto, a própria câmara Municipal nomeou uma Comissão de salubridade pública, composta de: “Reverendo Vigario, Doutor Torquato,Doutor Melxio, José Pinto de Almeida e Capitão Bento de Maltos”. Dr. Melxio era Dr. Melchert.

Quando o Ajudante Albano Leite do Canto destinou em seu testamento o legado de RS.2: 150$000 à recém fundada Irmandade da Santa Casa de Misericórdia, Torquato da Silva leitão constituiu-se seu testamenteiro. O prazo estipulado para que a Irmandade recebesse o legado, esgotava-se em 3 de Setembro de 1855. Urgia dar início às obras. Não se podia aguardar por mais tempo o terreno solicitado à Câmara Municipal. Resolveu a Irmandade adquirir outro terreno, pertencente a Antonio da Costa Moreira, localizado “na rua que segue para Monte Alegre”, pela quantia de Rs.2l2$000. Ao pleitear o legado viu suas pretensões impugnadas pelo testamenteiro: o prazo estaria prescrito. O caso foi à Justiça, sendo a decisão favorável à Santa Casa de Misericórdia. Atuou como advogado da Irmandade o Dr. Felipe Xavier da Rocha.

Torquato leitão era casado com D. Maria da Anunciação do Canto. Um filho do casal, Torquato, posteriormente, tornar-se-ia o conceituado médico que por longos anos clinicou em Piracicaba.

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