Zé Carlos e a era de ouro do basquete

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Zé Carlos Hebling é o penúltimo entre os agachados

Esse texto foi publicado em setembro de 1988 no semanário impresso A Província. Recuperamos para marcar os 30 anos de atuação em Piracicaba.

Ele nunca deu autógrafos, mas era (e ainda é) muito conhecido na cidade. Muitas pessoas deliravam quando ele pegava a bola e marcava um ponto para o time. Sua posição era de armador de jogo ou então ficava jogando na lateral. José Carlos Hebling, o Zé Carlos, era um dos titulares do time de basquete XV de Novembro de Piracicaba, que ajudou a consagrar em vários jogos como vencedor.

Zé Carlos não tem medalhas ou troféus guardados em sua casa. “São coisas do passado. Ontem já foi. O importante é hoje e amanhã.” O que ele guarda mesmo são recordações, muitas recordações dos jogadores que faziam parte do time, da república Kome & Dorme, onde morava, e da torcida. “Tenho saudades do grupo que atuava no XV, do ambiente, da torcida. Éramos um grupo de amigos. E você ter a oportunidade de fazer algo que traz alguma emoção à muita gente é algo compensador.”

Compensação emocional era muito importante para os jogadores do XV, conjunto que tinha harmonia. “Ele foi convocado para jogar no time da Seleção Brasileira, em 1959 e 1963, no Rio de Janeiro e no Chile. Mas, não chegou a entrar na quadra: foi dispensado nos cortes finais feito pelo técnico da seleção.

Em todo o caso, conseguiu conquistar muitos títulos para o XV de Novembro, como o Campeonato Sul-Americano e o Pan-Americano. Foi campeão brasileiro de lance livre e individual. Mas as medalhas e troféus não estão mais com ele. “Eu não guardei nada. Não sou conservador. O que importa é o presente e o futuro.”

Zé Carlos entrou para o esporte seguindo o exemplo de seu pai, que era jogador de futebol do Rio Claro Esporte Clube. “O meu irmão jogava basquete e nós morávamos em frente a um clube, o que facilitava a prática do esporte”, lembra. Na fase áurea, os jogadores eram os heróis da cidade, trazendo a cada jogo que participava, o título de campeão. Em compensação, eles tinham remuneração baixa. “Era mais uma ajuda de custo do que um salário.” Tanto que para sobreviver, enquanto era jogador do XV de Novembro, Zé Carlos dava aulas de educação física para o Senai.

Formado em Educação Física peIa Faculdade de São Carlos, chegou em Piracicaba em 1956, com 19 anos, e com o diploma de professor. Hoje, com 51 anos, é diretor do Centro de Ciências Biológicas e Profissões de Saúde, que integra cinco cursos superiores da Unimep.

Valorização

Os garotos do basquete, que formavam o XV de Piracicaba, tinham um objetivo da vida: vencer como jogadores, serem campeões e terem muitos amigos na cidade, já que a maioria era de fora. Zé Carlos, por exemplo, nasceu em Rio Claro e foi convocado pelos técnicos da XV, quando jogava para o time de São Carlos. Morar na república Kome e Dorme, na Rua Prudente de Moraes, “foi uma delícia”. “Éramos um grupo de jovens com o mesmo objetivo. Tivemos uma amizade muito profunda”, lembra.

Com 1,72m, Zé Carlos era o jogador mais baixo. Só que não o suficiente para deixar cair uma bola nas mãos do adversário. “Formamos uma equipe com os melhores atletas. Hoje ele atua como professor de educação física. “Conciliar a carreira com os jogos não dava”, diz.

Até os 30 anos, participou ativamente no esporte. Deixou o XV de Novembro em 1968 para jogar em Rio Claro, onde ficou dois anos. “Terminei a carreira onde comecei a jogar.” Ele deixou o time de basquete para se dedicar a profissão de professor. “Conciliar os afazeres profissionais com jogar basquete não dava. A profissão me impedia de prosseguir com as atividades atléticas. Não dava para manter o nível que tinha no início da carreira. Então parei.” Parou como jogador, que fique claro. Pois foi também técnico de basquete e nunca escondeu sua paixão pelo esporte.

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