Biólogo nas horas extras

Luccas-Longo

Luccas Longo. Biólogo por formação, conservacionista, artista gráfico e observador da natureza que o mundo aflora, Luccas Longo é formado pela Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep), especialista em Biologia da Conservação pela mesma instituição e Mestre em Conservação de Ecossistemas Florestais, pela renomada Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq/USP).
Sua trajetória profissional se destaca por suas atividades relacionadas à divulgação da fauna brasileira e, em especial, à observação de aves, atividade que vem se dedicando há cerca de 10 anos com a elaboração de materiais educativos e a realização de oficinas e palestras para divulgação dessa importante ferramenta de conservação da natureza.

O que faz o biólogo? Se a pergunta é simples, a resposta é repleta de possibilidades. Isso porque o trabalhador formado em Ciências Biológicas pode atuar em diversas áreas, sendo um profissional de biomedicina, bioquímica, agronomia e desenhista. Sim, e por que não?

Luccas Longo é exemplo fiel de um desses casos de ponto fora da curva que se dá bem tanto na área que escolheu como profissão, como no campo das artes gráficas, onde se destacou há exatos 20 anos, quando abocanhou o primeiro lugar no Salão Internacional de Humor de Piracicaba, em 1998.

Também foi meu primeiro “Salão de Piracicaba” e, enquanto eu estreava na assessoria de imprensa do evento, Luccas era premiado pela obra artística que iniciava, ali, uma trajetória que conversava cada vez mais com suas atividades científicas, com todo o bom humor que lhe é peculiar.

Claro que não foi bem assim que tudo começou e, como em todo início e no furor de um engajamento social típico da jovialidade de qualquer estudante universitário, sua primeira grande e vencedora obra versava sobre o ‘Campo de trigo verde com cipreste’, de Van Gogh, invadido pelos integrantes do MST (Movimento Sem Terra).

Bingo! O desenho conquistou o mundo ao vencer, na categoria Charge, a simbólica 25a edição do Salão Internacional de Humor de Piracicaba. Depois? Depois veio a evolução natural do artista e sua obra progrediu para questões da natureza e de cunho ecológico, casando definitivamente suas habilidades gráficas com seu ativismo preservacionista, que tanto pautam suas charges e cartuns.

Fauna e flora passam a dominar seus temas e, em especial, as aves ganham um destaque maior, fruto de sua atividade relacionada à observação de pássaros, além da presença comum de animais selvagens e espécies da fauna silvestre brasileira, criando personagens com antas, lontras e tatus.

Visto por esse ângulo, o assunto pode parecer mais sério e menos engraçado. Mas o traço do artista suplanta o olhar técnico do biólogo e traz uma carga de denuncismo que só a arte pode fazer, com o bom humor que Luccas Longo tão bem sabe aplicar para a criação da sua obra, usada como ferramenta de reflexão e conscientização para as causas ambientais.

O resultado disso é o riso extraído da forma mais sutil pela qual a arte gosta de agir, ao exercer o papel de questionar ações e exigir mudanças de comportamento.

*Marcelo Basso, jornalista da empresa Engenho da Notícia.

[Este texto é parte do livro “Pira Cartum – Homenagem a 32 cartunistas e ilustradores de Piracicaba nos 45 anos do Salão de Humor”. Organizadores: Adolpho Queiroz, Edson Rontani Junior, Maria Luziano e Victor Corte Real. Uma publicação da Coleção AHA de Humor Gráfico – Associação dos Amigos do Salão Internacional de Humor de Piracicaba (Editora Nova Consciência – 2018)]

Para conhecer demais cartunistas e ilustradores integrantes do livro, acesse a TAG Pira Cartum.

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