Imprensa piracicabana no século XIX (4 – final)

Este artigo, aqui dividido em capítulos, recupera parcela inicial da tese de doutorado do autor, defendida em 1998, no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Metodista de São Paulo. O texto aborda as origens da imprensa na cidade de Piracicaba no século XIX, apresentando os principais jornais e ações ocorridas naquele período.

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Foto: Ilustrativa

Temos, finalmente, notícias de um jornal de tendência monarquista intitulado “Jornal do Povo”, dirigido por Joaquim Luiz. E de um tabloide humorístico, denominado “O Bagre”, cujos exemplares são preservados através de microfilmes na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.

Entre os episódios que marcaram a imprensa local no século XIX, um deles está registrado de forma peculiar por Guerrini, mostrando que

“Em 26 de fevereiro — O Jornal do Povo, órgão citadino, era contrário, segundo a Gazeta de Piracicaba, à criação da freguesia ou paróquia de São Benedito, uma vez que a população da cidade não comportava a divisão da antiga freguesia de Santo Antonio.” (GUERRINI, Leandro, idem, pag. 180)

Tem-se também, pelo relato de Guerrini, uma informação daquela que pode ter sido uma edição extra do jornal “Gazeta de Piracicaba”, em 1891, o da deposição do então Presidente do Estado (atual Governador), Américo Brasiliense, desta forma:

“19 de dezembro — Boletins distribuídos profusamente pelas ruas da cidade — talvez uma edição-extra da Gazeta de Piracicaba — davam conta ao povo da deposição do dr. Américo Brasiliense do cargo de presidente do Estado, substituído que foi pelo dr. João Alves de Cerqueira Cezar.” (Idem, pg. 204)

O fato causou constrangimento maior porque, anteriormente, o Presidente do Estado (Governador), tinha sido o advogado ituano/piracicabano Prudente de Morais.

Em abril de 1893, ainda segundo Guerrini, pode estar outra pista sobre a prática do jornalismo diário na cidade,

“11 de abril — O Jornal do Povo, órgão local, que defendia ideias monarquistas, com o Barão de Rezende no comando, passou a publicar-se diariamente. Se não nos enganamos, foi a primeira folha diária que contou nossa terra.” (Idem, pg. 222)

De 1896, foi possível encontrar no mesmo autor, a informação sobre a primeira sessão de cinema ocorrida em Piracicaba. Num anúncio veiculado pela “Gazeta”, que dizia o seguinte:

“18 de outubro – Primeiro anúncio de cinema publicado em Piracicaba, pela Gazeta, dizia: “Última palavra da ciência! A maior maravilha do século! O cinematógrafo ou a fotografia animada. Vistas naturais animadas, da terra, do mar, do trem e dos navios! Quem não for cego deverá ver! Cenas e panoramas do que há de mais interessante! Entrada, 1$000. Cinco sessões, às 7, 7 e meia, 8, 8 e meia e 9 horas.” (Idem, pg. 263)

Outra informação significativa sobre a evolução na imprensa daqueles dias, ocorre em 4 de outubro de 1898, e segundo Guerrini,

“4 de outubro — Aniversário de Prudente de Morais, então presidente da república. A “Gazeta de Piracicaba” se apresentou em edição melhorada, com o clichê do notável paulista — coisa rara naqueles tempos. É um retrato a bico de pena, infelizmente de autor ignorado mas fiel.” (Idem, pg. 279)

De 1899, há dois acontecimentos importantes a registrar sobre a imprensa no final do século. Eles ocorreram entre os dias 5 e 6 de maio e foram assim assinalados na obra de Guerrini,

“5 de maio — Faleceu nesta cidade o cidadão Leonídio Augusto de Souza Porto, natural de Sergipe e aqui se dedicara ao magistério. Redatoriava a “Gazeta de Piracicaba”, a qual, então, passou a ser dirigida pelo dr. João Sampaio,

6 de maio – Deu o seu último número o “Jornal do Povo”, redatoriado por Joaquim Luiz, após alguns anos de existência sempre interrompida. Infelizmente não conseguimos descobrir ainda um só número desse órgão.” (Idem, pg. 286)

Pelos registros que se tem da Biblioteca Nacional no Rio de Janeiro, estão microfilmados e lá guardados outros periódicos aos quais não se tem acesso em Piracicaba, mas, segundo consta, foram veiculados igualmente no século XIX, tais como “O Porvir”, cuja primeira edição encontrada foi de 21 de maio de 1893, sendo editado pelo “Clube 4 de maio”; falava também do jornal “A Borboleta”, tendo sido encontrado um exemplar de julho de 1882; há também “A Alvorada”, de junho de 1880; “A Democracia”, de julho de 1879.

Os jornais da época, portanto, eram porta-vozes dos primeiros passos de uma cidade que engatinhava. Por isso, há tanto ineditismo em suas páginas: as primeiras escolas, os primeiros fonógrafos, o primeiro clichê, a primeira ferrovia, a primeira escola agrícola. Numa cidade plena de novidades, o Século XX despontava como promissor. E, como ele, o desenvolvimento da imprensa tenderia a ser ainda muito mais representativo.

Referências Bibliográficas

QUEIROZ, ADOLPHO. A Trajetória do Jornal de Piracicaba, 1900-1997, Tese de Doutorado defendida na Universidade Metodista de São Paulo, Março de 1998.

Acompanhe outros capítulos de “Imprensa piracicabana no século XIX”, seguindo nossa hashtag Imprensa Piracicaba – sec. XIX.

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