JIC Mendes, ilustrador (15 – final)

O texto, a seguir, é conteúdo do livro “JIC Mendes, ilustrador – São Paulo e o mundo há 70 anos nos traços de um grande cartunista”, que integra a Coleção de Humor Gráfico da AHA – Associação dos Amigos do Salão Internacional de Humor de Piracicaba, em parceria com o IHGP – Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba. O livro reúne os trabalhos publicados no jornal “A Noite”, de São Paulo, no final dos anos 40. Conforme nota do editor, as legendas das ilustrações foram transcritas, mantendo-se a grafia original das mesmas.

41 – Botando medo

Sábado, 6 de março de 1948

JIC Mendes 41

– Esse “bigodudo” está me provocando… 

ATÉ A morte se assustava com as ambições de Stalin… A opinião corrente naquela época sobre o ditador soviético pode ser medida pelas diversas alcunhas que o jornal lhe dava, sendo a mais evocadora delas a de “a hiena do Kremlin”. “A Noite” chegou até a regozijar-se com a notícia, publicada na primeira página, de que Stalin estaria doente e deveria, segundo os médicos, evitar emoções fortes – como, por exemplo, a de provocar uma terceira guerra mundial.

Encerrando…

O jornal “A Noite”

O DIÁRIO vespertino “A Noite” teve uma primeira circulação curta entre janeiro de 1898 e setembro de 1899 e outra mais longa de agosto de 1942 a fevereiro de 1952.

O dia em que voltou a circular em São Paulo, sábado 22 de agosto de 1942, foi marcante. Houve três números do jornal nesse dia: o primeiro, intitulado “edição única” (pelo preço de 400 réis), não fazia menção alguma à reestreia do jornal, dedicava as manchetes às notícias da guerra em curso e o restante aos assuntos do cotidiano. O segundo, uma bombástica “edição extraordinária”, noticiava a entrada do Brasil no conflito após a declaração de guerra à Alemanha e à Itália, trazia a foto oficial do presidente Getúlio Vargas em quase meia página e rasgava-se em declarações extremadas de apoio ao chefe da nação e luta ardorosa rumo à vitória.

No meio desse tumulto, o então diretor da folha, Menotti del Picchia, lembra-se de anunciar, em editorial caudaloso estampado na primeira página, a criação do jornal e seus objetivos: além do alinhamento total ao governo naquele contexto propício às patriotadas, a intenção de ser um jornal popular que zelasse pelos interesses dos despossuídos. Por fim, um terceiro número ainda circulou, a segunda edição extraordinária nesse dia extraordinário, para relatar as reações da sociedade ao estado de beligerância, entre as quais um “grande comício cívico encabeçado pelo Centro Acadêmico XI de Agosto” que se reuniu no Largo de São Francisco.

O jornal pertencia à empresa “A Noite” e tinha administração, redação e oficinas à Rua Sete de Abril, números 374, 386 e 381, no Centro da cidade de São Paulo. A folha paulista era uma filial do grupo homônimo, sediado no Rio de Janeiro, que publicava na então capital federal o diário “A Noite” e o caderno avulso de variedades “A Noite Ilustrada”.

Na “era JIC”, o diretor de “A Noite” era José Carlos Pereira de Souza e o gerente José Fernandes. O vespertino em formato padrão começou com 8 páginas por edição e chegou a 12 em 1947. Em sua existência relativamente breve, com certeza nunca teve um ilustrador tão bom como JIC Mendes.

O “Arquivo Público do Estado de São Paulo”

É a repartição pública mais antiga do Estado de São Paulo. Teve origem em 1721 quando a capitania de São Paulo foi criada por desmembramento da capitania de Minas Gerais. Depois de passar por vários endereços, o Arquivo tem hoje sede própria na rua Voluntários da Pátria, 596, no bairro de Santana, ao lado da estação Tietê do metrô.

Além de reunir toda a documentação produzida pelo Poder Executivo paulista, contém também registros de cartórios, de terras e de sesmarias, leis, decretos e decisões judiciais, censos e anuários estatísticos, 200 títulos de jornais e 1.200 de revistas, bibliotecas particulares de personalidade públicas, todo o acervo do famigerado DEOPS, 45 mil livros, 10 mil teses e cerca de 1 milhão de imagens (entre fotos, postais, ilustrações e mais de 2 mil mapas e plantas).

O documento mais antigo é o inventário de um sapateiro, datado de 1578. Entre os preferidos do autor estão o “Quadro do desmembramento territorial-administrativo dos municípios paulistas” a partir de 1532, as fotos da cidade de São Paulo por Guilherme Gaensly e Militão Augusto de Azevedo e a coleção do Jornal “A Noite”.

 Para conhecer demais conteúdos deste livro, acesse a TAG JIC Mendes.

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