Legado: Jornal de Piracicaba chega aos 120 anos (2)

Nomes do JP em espaços públicos da cidade

Nomes de ruas, praças e bairros têm função social em uma cidade. Sugerem o que os historiadores chamam de ‘comunidade de sentido’ entre pessoas e lugares. O nome se torna a identidade do local, que, não raramente, pode ser a transfiguração do legado de um determinado indivíduo. Uma homenagem, sem dúvida, a alguém relevante para o meio onde viveu e, eventualmente, ajudou a prosperar. E estas são questões que explicam porque tantos ex-diretores do Jornal de Piracicaba deram nome a logradouros do município há mais de um século.

JP espaços publicos

Homenagens a personalidades que fizeram história. (fotos: Amanda Vieira e Claudinho Coradini/JP)

O engenheiro Manuel Buarque de Macedo, que criou o JP em 1900, dá nome a uma rua na Pauliceia. Como escreveu o historiador Leandro Guerrini, foi Buarque “quem lançou a ideia da fundação de novo periódico, independente e vivaz, sem cor política, piracicabano antes de mais nada”.

José Rosário Losso, o primeiro da linguagem Losso à frente do JP, batiza tanto uma rua, no Jaraguá, como uma praça, no bairro Pacaembu, bem próximo à atual sede da empresa.

A denominação de José Rosário Losso à via pública na então ‘Vila Jaraguá’ foi oficializada pelo prefeito Francisco Castillon em 13 de abril de 1961, consta Lei Ordinária do arquivo histórico da Câmara de Vereadores. Já a praça da avenida Luciano Guidotti com a alça da avenida 31 de Março ganhou o nome de José Losso, em 2011, via PL do vereador Bruno Prata. “Um grande empreendedor, cuja vida foi repleta de grandes ganhos”, destacou à época o parlamentar.

Geraldo Nunes, prestigiado redator-chefe do JP de 1977 a 1985, dá nome ao viaduto localizado no km 178 da Rodovia SP-304, entre Piracicaba e Águas de São Pedro. A denominação ocorreu em 2002, por meio de PL do deputado estadual Roberto Morais. Nunes foi um dos mais importantes e respeitados profissionais da imprensa piracicabana. No JP, uma de suas últimas campanhas foi a luta pela duplicação da SP-304, e por isso a merecida homenagem.

No Distrito Industrial existe uma rua que enaltece o legado de Eugênio Luiz Losso, filho mais velho de José Rosário Losso, artista plástico e responsável pelo desenvolvimento de um sistema que permitiu um salto significativo na qualidade gráfica do jornal – administrava a papelaria e tipografia da empresa. A iniciativa foi do então vereador Irineu Ulisses Bonazzi, em 1990.

Tem também escola municipal que carrega o legado da família Losso. Na Vila Monteiro está a unidade escolar cujo nome é Antonietta Rosalina Cunha Losso Pedroso, mãe do atual diretor do JP, Marcelo Batuíra Losso Pedroso. Foi via PL do vereador Henrique Paranhos, em 2012. Como ressalta o tesoureiro do IHGP (Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba), Adolpho Queiroz, “Antonietta era figura constante nos eventos públicos da cidade no período em que liderou o JP, uma figura muito querida”.

Já Pedro Morato Krahembuhl, proprietário do JP junto a João Franco de Oliveira e Manoel Prates, em 1939, ganhou denominação de rua no bairro Jaraguá.

Outros ex-diretores, editores e chefes de redação do JP também denominam espaços públicos em Piracicaba. Antonio Pinto de Almeida Ferraz, o primeiro editor do periódico, em 1900, é nome de rua no Jaraguá. João Aranha, editor em 1901, é nome de rua no bairro Santa Rita das Garças, junto à avenida Taubaté. Pedro Crem Filho, editor e proprietário do jornal de 1912 a 1933, nomeia rua no bairro Nhô Quim. Leandro Guerrini, editor de 1933 a 1939, virou praça, localizada na esquina da avenida Paulista com a rua dos Maçons, no bairro Nova Piracicaba.

José de Mello Moraes, proprietário do JP de 1914 a 1929, é nome conhecido na cidade, patrono da Escola Estadual no bairro São Dimas. Já João Franco de Oliveira, sócio de Moraes por um período (mas conduziu o periódico até 1939) é hoje nome de rua no Unileste. Entre os redatores-chefe, Severino Alberto Ferraz Filho, que trabalhou no jornal na década de 1930, denomina rua no bairro Água Seca e Acaray de Oliveira Mendes é via pública no Mário Dedini.

 Dr. Losso Netto

O filho mais novo de José Rosário, Fortunato Losso Netto, foi sumidade piracicabana tanto na medicina como no jornalismo. Passou a dividir o tempo entre atendimentos médicos e o trabalho no jornal a partir de 1939. Esteve à frente do JP durante 46 anos, até seu falecimento, em 1985.

Na área da saúde, foi o responsável, em 1935, por instalar o primeiro aparelho de raio-X na cidade, na Santa Casa, e por isso tem o seu nome eternizado no setor de raio-x da entidade. Fortunato Losso Netto é também o nome da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Piracicamirim, por iniciativa do então vereador Luiz Dias dos Reis, em 1995.

E foi em abril 1993, via Projeto de Lei do vereador Nelson Corder, que o Teatro Municipal de Piracicaba passou a se chamar Teatro Municipal Dr. Losso Netto, também carinhosamente conhecido hoje como apenas Losso Netto.

Como diretor do JP, Losso Netto é lembrado pela administração sólida e um dos responsáveis por tornar o periódico um dos mais influentes do interior paulista. Acredita-se que, por influência do irmão pintor, Fortunato, também se aventurava com as tintas. O gosto pelas artes e pelas letras manteve-o próximo dos artistas, músicos, poetas e escritores da época, rol que incluía nomes como Archimedes Dutra, Thales Castanho de Andrade, Lino Vitti entre muitos outros.

Em 1989 foi criado o Prêmio Losso Netto, que todos os anos é concedido pela Universidade Metodista de Piracicaba em parceria com o JP à equipe de alunos que produza o melhor TCC (Trabalho de Conclusão do Curso) de jornalismo da Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba).

(continua)

Matéria publicada no Jornal de Piracicaba, em edição especial, comemorativa aos 120 anos do JP. Para conhecer outros conteúdos desta edição, publicados em A Província, acompanhe a TAG JP 120 anos.

Deixe uma resposta