Manoel de Oliveira, pioneiro da publicidade em Piracicaba (1)

Há pelo menos cinco ciclos sobre a história da propaganda e da publicidade nas cidades de São Paulo e Piracicaba, destacando-se a compor uma história que já passam alguns séculos.

O primeiro ciclo foi o da tradição oral, em que viajantes religiosos e comerciantes vendiam suas ideias e produtos aos cidadãos através da palavra, de músicas confeccionadas e cantadas especialmente para estas ocasiões, bem como afixavam informações e cartazes em locais apropriados, os chamados bantos ou o seu similar jornalístico, o pasquim. Esta tradição durou pelo menos alguns séculos nas cidades, que ainda não possuíam outras formas de propagar ideias sobre os produtos e serviços da época.

No segundo ciclo, já no século XIX, com o surgimento da imprensa, vão aparecer as mensagens escritas e difundidas pelos jornais impressos. Neste período difundem-se os pequenos anúncios e surgem as primeiras ilustrações impressas, enquanto “O Piracicaba” despontava como o pioneiro dos impressos na cidade do interior.

O terceiro ciclo surge com a chegada das emissoras de rádio no Brasil, a partir de 7 de setembro de 1922. Em Piracicaba, a criação da rádio Difusora, em 12 de outubro de 1932 ampliou a divulgação no campo publicitário.

O quarto ciclo surge pela iniciativa visionária de Assis Chateaubriand, que cria em 18 de setembro de 1950 a TV Tupi e, através dela, passa a difundir anúncios pela televisão, primeiro utilizando-se das garotas propaganda e, depois, com a chegada do vídeo-tape nos anos 60, a iniciar um processo de produção mais apurado. A primeira experiência piracicabana com a televisão ocorreu nos anos 60, com a criação de um canal local e uma fábrica de aparelhos, sob o comando do empresário Romeu Ítalo Ripoli.

E, por fim, estamos em plena era dos anúncios virtuais, realizados pela internet, fazendo com que as cidades de São Paulo e Piracicaba atuem velozmente no sentido de criar campanhas cuja vida útil pode durar dias, horas ou até mesmo minutos.

Os primeiros tempos em Piracicaba

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Gazeta de Piracicaba no século XIX. (fonte: Arquivo do IHGP)

As primeiras informações sobre o desenvolvimento da atividade da imprensa e da publicidade na cidade de Piracicaba foram localizadas apenas no ano de 1874, quando surgiu um jornal denominado “O Piracicaba”, propriedade da empresa Andrade Coelho & Cia., tendo como editor S.B. Andrade. Era publicado sempre às quartas-feiras e aos sábados. Ou como sugeriu Guerrini, “4 de julho – sob a redação do Dr. Brasílio Machado, surge em nossa terra o número inicial de ‘Piracicaba’, que foi o primeiro jornal editado na cidade”.

O Dr. Brasílio Machado era promotor público da comarca local. Cultor das letras, bom poeta e orador, foi autor da poesia “Piracicaba”, que deu à cidade o epíteto de “Noiva da Colina”. Compreendendo a necessidade do município, inaugurou a imprensa do burgo que muito amou.

“Piracicaba” era propriedade de Andrade Coelho & Cia., tendo como editor S.B. Andrade. Publicava-se às quartas-feiras e aos sábados e seu preço de assinatura era de 10$000 anuais na cidade e 12$000 fora. Convém notar que, na época, a cidade ainda se chamava “Constituição” e o título do órgão seria influência forte do rio, um divisor marcante da tradição inconfundível que o “Piracicaba” representava. Na sua apresentação, dizia-se “Jornal imparcial, commercial e agrícula”. Saudou a população desta cidade, “já tão adiantada em sua lavoura, commércio e indústria” e considerou que “o jornalismo é a luz, a vida, o progresso de todos os povos e Guttemberg, o complemento de Jesus.”

A cidade tinha recém inaugurado a sua fábrica de tecidos, pertencente a Luis Vicente de Souza Queiroz, a Câmara Municipal cumprimentava a cidade pela inauguração da iluminação a querosene nas ruas e praças, que se estenderia até as dez horas da noite e os vapores comerciais que exploravam as águas do Rio Piracicaba, tinham notícias contínuas das suas atividades na cidade.

Em 25 de outubro do ano seguinte, por obra de Brasílio Machado, “O Piracicaba” foi editado em inglês, para figurar numa exposição industrial em Philadelphia, Estados Unidos. Depois disso, a outra notícia que se tem sobre a imprensa local é de 1 de outubro de 1876, quando outro jornal, denominado “O Piracicabano” foi lançado. Segundo Guerrini, “L de outubro – Surgiu o primeiro número de ‘O Piracicabano’, o terceiro jornal da terra, na ordem de aparecimento”. Era de propriedade de Joaquim Moreira Coelho, seu editor responsável.

Pelo que a gente conclui, os dois anteriores e o presente eram uma só folha, isto é, mudavam os títulos e as datas, mas os tipos e o prelo eram os mesmos.

Também é digno de registro o nome do jornal, não obstante a cidade chamar-se ainda Constituição. Colhemos esta informação no “Almanaque de Piracicaba para 1900.”

(continua)

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